Depois de mais de uma semana balançando no cargo, o ministro da Secretaria-Geral de Governo, Geddel Vieira Lima, caiu na sexta-feira 25. Ele pediu demissão para estancar uma enorme crise provocada pelas declarações do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que foi pressionado a conceder licença de construção para um prédio de luxo localizado em bairro nobre de Salvador, que havia sido barrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão ligado do Ministério da Cultura. Geddel possui um apartamento no prédio avaliado em R$ 2,5 milhões. É o sexto ministro de Temer a cair em três meses de governo.

A gota d’água para a demissão foi o depoimento de Calero à Polícia Federal dizendo que foi “enquadrado” pelo presidente Michel Temer a liberar a obra. Calero teria entregue à PF uma fita da conversa com Temer. O presidente não negou o diálogo, mas disse que fez uma mediação entre os dois ministros e que “jamais induziu algum deles a tomar decisão que ferisse normas internas ou suas convicções”, como revelou o porta-voz de Temer, Alexandre Parola.

Antes da suposta intervenção de Temer na disputa dos dois ministros, Geddel vinha se mantendo no cargo devido ao apoio dos líderes do Congresso. Afinal, Geddel era o principal articulador político de Temer e considerado como indispensável à votação de projetos importantes no Congresso. Mas o envolvimento de Temer no episódio, deixou o Planalto sem saída. Resta saber agora se a saída de Geddel, por si só, será capaz de encerrar a crise.

FITAS - O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, entregou gravações à PF que revelariam pressões de Temer
FITAS – O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero entregou gravações à PF que revelariam pressões
de Temer

Em carta enviada a Temer na sexta-feira, Geddel disse que “avolumaram-se as críticas sobre mim” e ele sentiu que era “hora de sair”. “Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto”, disse o ministro demissionário. Ele afirmou ter tomado a decisão depois de fazer uma “profunda reflexão”. Chamando Temer de “meu fraterno amigo”, Geddel diz que vai continuar torcendo pelo presidente na Bahia para que o governo faça um “país melhor”.

O presidente recebeu a carta de Geddel ainda pela manhã de sexta, mas até o fechamento desta edição ainda não havia decidido quem ocuparia a vaga.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias