Bombardeios contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria provocaram a morte de mais de 130 familiares de extremistas nas últimas 24 horas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Estes ataques particularmente violentos, protagonizados tanto por aviões da coalizão ocidental, como russos ou do regime, ocorreram após o atentado de Manchester, que deixou 22 mortos e foi reivindicado pelo EI.

Entre os mortos há pelo menos 33 crianças, segundo fontes médicas e de segurança citadas pelo OSDH, que tem colaboradores em todo o país.

Os redutos do EI na Síria têm sido alvos de intensos ataques aéreos, poucos dias depois da reivindicação pelo grupo extremista do atentado em Manchester, na segunda-feira à noite.

De acordo com o OSDH, as famílias atingidas nesta sexta-feira “estavam refugiadas no edifício da prefeitura de Mayadin”.

Nesta cidade, próxima à fronteira com o Iraque, pelo menos 80 civis, todos familiares de extremistas, morreram na sexta-feira.

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Mayadin é controlada desde 2014 pelo EI e acolheu nos últimos meses muitos deslocados procedentes de Iraque e Raqa, capital de fato do EI na Síria.

Raqa e Mossul, último grande reduto de extremistas no Iraque, são alvos de ofensivas das forças locais, apoiadas pela coalizão internacional comandada por Washington.

Nas palavras de seu porta-voz, Eric Pahon, o Pentágono imediatamente reagiu afirmando que a coalizão realizou ataques nesta quinta e sexta-feira em Mayadin e Bukamal, e que “examina” os resultados.

Embora o exército americano afirme que toma todas as precauções necessárias para evitar matar inocentes, a ONU pediu nesta sexta “às forças aéreas de todos os Estados” que intervêm na Síria a distinguir melhor entre “os civis e os alvos militares”, lembrando que os extremistas se misturam com a população das cidades sob seu poder.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, a coalizão internacional realizou entre 23 de abril e 23 de maio seus ataques aéreos mais mortais contra civis em um período de um mês na Síria.

No centro do país foram as forças russas e sírias que mataram pelo menos 16 civis na aldeia de Uqayribat, segundo o OSDH.

– Damasco e Palmira religados –

No começo de abril, o presidente americano, Donald Trump, prometeu destruir o EI e “proteger a civilização”.

Em 20 de maio, o secretário de Defesa americano, Jim Mattis, declarou que a administração Trump havia ordenado uma “campanha de aniquilação” dos extremistas no Iraque e Síria, para minimizar o número de combatentes estrangeiros que retornam para casa.

Isto significa que as forças da coalizão “cercam” agora as posições do EI antes de atacá-las, para que os combatentes extremistas não consigam fugir e se reagrupar em outro lugar.

Em 1º de maio, o comando da coalizão anunciou que seus ataques fizeram 352 vítimas civis no Iraque e na Síria, mortas “acidentalmente” desde 2014.


Em outra frente, o exército sírio conseguiu retomar, pela primeira vez desde 2014, a estrada que liga Damasco à antiga cidade de Palmira, depois de expulsar o EI de um extenso território no deserto, com o apoio de seu aliado russo.

“Os extremistas recuaram diante da intensidade dos ataques russos”, explicou Abdel Rahman.

Iniciada há seis anos, a guerra na Síria, que se tornou enormemente complexa com múltiplos atores e alianças, já fez mais de 320.000 mortos e milhões de deslocados.

O conflito, que começou depois que o regime de Bashar Al Assad reprimiu com violência manifestações pacíficas, tornou-se cada vez mais complexo, à medida que aumentou o número de forças envolvidas.


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