17/02/2017 - 21:00
Novas tecnologias de imagem permitem a exploração do cérebro com mais detalhes do que nunca, abrindo caminho para um maior entendimento dos problemas neurológicos e a possibilidade de desenvolver tratamentos – disseram pesquisadores.
A pesquisa e as inovações foram realizadas por três cientistas americanos envolvidos em um projeto lançado pelo ex-presidente Barack Obama em 2013, para superar as barreiras à investigação mais profunda do cérebro.
O estudo foi divulgado nesta semana durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.
A Pesquisa do Cérebro através de Neurotecnologias Inovadoras Avançadas (BRAIN, em inglês), aspira a descobrir, por exemplo, aspectos desconhecidos do cérebro e tratamentos para as doenças de Alzheimer, Parkinson e a esquizofrenia.
Uma das tecnologias desenvolvidas, chamada Scape, permite aos cientistas verem as estruturas do cérebro em nível microscópico.
O Scape permite uma observação em três dimensões dos neurônios de uma mosca, enquanto esta voa procurando comida, ou temendo por sua vida, disse a professora de Engenharia Biomédica, Elisabeth Hillman, da Universidade de Columbia.
“Podemos ver realmente uma luz verde piscando quando o cérebro está dizendo ao corpo para se mover”, disse a pesquisadora na conferência.
“Podemos visualizar cada um dos neurônios desses organismos em todo o cérebro, o que antes não era possível”, acrescentou.
Essa nova ferramenta abre múltiplos caminhos de pesquisa, inclusive para decifrar os sinais vistos atualmente nas imagens de ressonância magnética.
Ativar neurônios a distância
A recém-patenteada ressonância magnética portátil também promete avanços para o diagnóstico móvel, disse a professora Julie Brefczynski-Lewis, da Universidade da Virgínia Ocidental.
Esse aparelho, que tem o tamanho de um capacete de futebol americano, é usado na cabeça e não interfere na habilidade dos pacientes de se mover livremente.
O novo dispositivo pode penetrar de forma profunda nas estruturas do cérebro, diferentemente dos exames de ressonância magnética mais antigos, que escaneiam apenas a superfície.
“Muitas coisas importantes que acontecem com as emoções, com a memória e com o comportamento estão no centro profundo do cérebro (…), áreas que podemos alcançar com a nossa tecnologia”, celebrou Brefczynski-Lewis.
“Então, você pode detectar as instruções no cérebro que são importantes para caminhar, para o equilíbrio e, eventualmente, vamos cobrir todo o cérebro”, acrescentou.
O dispositivo pode ser usado para escanear pacientes que sofrem acidentes vasculares cerebrais, epilepsia, ou lesões durante acidentes, ou no campo de batalha.
“Com essa técnica, você pode estudar alguém na sala de emergência com um acidente vascular cerebral e descobrir diferentes opções de tratamento que podem ser mais adequadas”, explicou Brefczynski-Lewis.
Outra área de exploração do cérebro envolve uma tecnologia não invasiva que pode ativar, ou disparar nos neurônios remotamente, usando ondas de rádio, ou campos magnéticos.
Ativar os neurônios em localizações precisas pode ajudar os pesquisadores a descobrirem novos tratamentos, ao identificar quais células estão envolvidas em determinadas doenças.
Essa tecnologia também pode ajudar a melhorar a estimulação do cérebro profundo com impulsos elétricos, atualmente usada para minimizar os sintomas do Mal de Parkinson.