Se confirmadas as previsões, na próxima quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) cortará pelo menos 0,75 ponto porcentual da Selic, a taxa de juros básica da economia, hoje em 9,25%. A redução é suficiente para acionar o gatilho que modifica a regra de rentabilidade da caderneta de poupança, que passa a render menos sempre que a Selic for igual ou inferior a 8,5%.

Na prática, a caderneta de poupança, que hoje tem valorização de 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), passará a render 70% da Selic, mais a TR. Na ponta do lápis, o desempenho do investimento trará resultados inferiores aos verificados atualmente. Mas isso não significa que as demais aplicações de renda fixa, como o Tesouro Direto, CDBs e similares tornem-se mais atraentes.

Segundo os especialistas, antes de tomar uma decisão, o investidor precisa comparar a rentabilidade no final da operação. Essa é opinião, por exemplo, do professor Joelson Sampaio, da Fecap. “A taxa de administração é que vai determinar se o investimento vai ficar ruim ou não”, diz.

Sampaio explica que, com a incidência de Imposto de Renda e a taxa de administração, o investidor pode receber menos em produtos de renda fixa do que se deixasse na poupança, mesmo ela rendendo 70% da Selic mais a TR. Ele diz que em um cenário de juros de 8,5%, apenas os fundos de renda fixa com taxas administrativas de 0,5% ganhariam da poupança.

Diante desse cenário, o gatilho tende a baixar as taxas de administração desses investimentos, acredita Angela Nunes, planejadora financeira pela Planejar.

No caso do Certificado de Depósito Bancário (CDB), o professor de finanças da Saint Paul Escola de Negócios, Alan Ghani, aconselha olhar para os prazos para saber se a incidência de Imposto de Renda não irá comprometer muito da rentabilidade. Ele explica que, para um prazo de seis meses, a poupança ganha do CDB que paga até 90% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), balizado pela Selic. Para quem vai investir durante um prazo entre um e dois anos, o ideal é recorrer ao CDB que pague mais de 85% do CDI. Já para o investidor que pretende deixar o dinheiro rendendo mais de dois anos, vale a pena um CDB que pague mais de 83% do CDI. Caso contrário, melhor deixar na poupança.

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Por mais que a caderneta possa ser mais atrativa em muitos casos, Angela Nunes alerta que não adianta sacar o dinheiro fora do aniversário da poupança, se não perde a rentabilidade. Ou seja, se fizer uma aplicação dia 5 de abril e outra dia 15 de abril, a primeira terá rendimento no próximo dia 5 enquanto a segunda no próximo dia 15. Aplicações menores que 30 dias, também não recebem nenhum retorno.

Entretanto, Angela pondera que a poupança é um bom instrumento para aprender a poupar, principalmente pela facilidade. “Algum esforço é melhor do que esforço nenhum”, diz.

Mas Joelson Sampaio, da Fecap, lembra que o dinheiro também não pode ser esquecido na poupança. Caso os juros voltem a subir, elas se torna um mal investimento se comparado aos fundos de renda fixa. Isso ocorre porque se a Selic estiver alta, os retornos nesses investimentos serão maiores, enquanto que a poupança volta a pagar na modalidade anterior, ou seja, 0,5% por mês mais a TR.

Mudança

A regra da poupança mudou em maio de 2012, quando os juros da economia estavam em 9% e o governo de Dilma Rousseff tinha a intenção de baixá-los ainda mais. Na época, sem as alterações na poupança, a queda poderia comprometer a emissão de títulos públicos pelo Tesouro Nacional, que são usados como empréstimos para o governo, além de outros investimentos em renda fixa.

Para não prejudicar as pessoas que já tinham dinheiro investido na poupança, foram criadas as divisões “velha” e “nova” poupança.

O rendimento referente aos valores depositados até 3 de maio de 2012 foram incorporados ao saldo da “poupança antiga” e passaram a render segundo as regras antigas. Mesmo com a possível queda taxa básica de juros na próxima quarta-feira, a rentabilidade da “antiga” não sofrerá alteração. Já os depósitos feitos depois de 3 de maio de 2012 fazem parte da poupança “nova” e passam a render menos. Para quem tem dinheiro nas duas modalidades, os saques passaram a ser feitos prioritariamente do ‘dinheiro novo’ e o banco passou a identificar no extrato os saldos referente às poupanças “velha” e “nova”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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