Um dia após proibir todos os atletas da Austrália de entrar na Vila Olímpica e declarar que o prédio destinado a sua delegação é “inabitável” e “não apresenta segurança”, a chefe da missão australiana nos Jogos do Rio, Kitty Chiller, baixou o tom do discurso e afirmou que a sua intenção foi “ajudar o Comitê Organizador”. Os australianos estão pagando uma equipe para realizar reparos e, enquanto isso, estão hospedados em hotéis da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade.

Segundo Kitty Chiller, até às 15 horas desta segunda-feira três andares do edifício onde a delegação australiana irá se hospedar na vila estavam limpos. A promessa é de que todos os 15 pavimentos estejam limpos até o meio da tarde desta quarta-feira.

Ela contou que visitou o local em março, logo após os prédios terem ficado “prontos”. “Mas nós não acendemos as luzes nem demos descarga nos banheiros ou abrimos os chuveiros”, afirmou. “Quando começamos a fazer isso, os problemas ficaram evidentes”.

Kitty Chiller disse ainda que espera não ficar mal vista no País. “Espero que os brasileiros não fiquem com imagem negativa da Austrália. Nossas reclamações não são contra o País, nem contra o povo. Foi em defesa dos atletas que as medidas foram tomadas”, sustentou.

Por estar fora da Vila Olímpica, a delegação australiana não tem direito nem mesmo à alimentação gratuita oferecida pelo Rio-2016. Questionada se cobraria essa conta dos organizadores, ela não quis responder. “Primeiro vamos resolver tudo, depois vamos ver quem paga a conta”, declarou. Nesta quarta-feira, a australiana deverá se encontrar com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).

REFORMAS – Ao mesmo tempo que a chefe da missão olímpica concedia entrevista no Centro Principal de Mídia, a prefeita da Vila Olímpica, a ex-jogadora de basquete Janeth Arcain, dava explicações na área internacional do local. Ela afirmou que visitou os prédios ao longo do dia e que ficou “feliz porque as coisas então caminhando”. Janeth se referia aos trabalhadores extras contratados pelo Comitê Rio-2016 para resolver os problemas hidráulicos, elétricos e de limpeza, relatados por delegações de diversos países.

No domingo, logo após a recusa do Comitê Olímpico Australiano de ocupar seu prédio na Vila Olímpica, o Rio-2016 anunciou que 500 novos trabalhadores seriam alocados para finalizar os trabalhos. O número contratado, no entanto, chegou a 630. “Tem funcionários da própria construtora”, afirmou Janeth, referindo a operários das empreiteiras Carvalho Hosken e Odebrecht, responsáveis pelo empreendimento.

Segundo a ex-jogadora, os vazamentos já foram resolvidos. “O que precisa agora é fechar os buracos que foram abertos”, explicou. De acordo com a ex-jogadora, a previsão é de que todos os edifícios sejam entregues em condições até quinta-feira, “mas vai depender dos acontecimentos”.

A Vila Olímpica foi entregue ao Comitê Rio-2016 no dia 15 de junho. Questionada se os últimos 40 dias não foram tempo suficiente para identificar os problemas, Janeth procurou defender a organização. “Depende muito. Você não vai deixar uma torneira ligada uma hora, de todos os apartamentos, pra saber (que não dará conta da vazão). Isso aí tem que ser com uma sincronia. Agora, que tem mais gente, é que acabam acontecendo esses problemas. Eles estão sendo resolvidos”, ponderou.

ÁREA INTERNACIONAL – Nesta segunda-feira, problemas semelhantes foram registrados na área internacional, o espaço de convivência da Vila Olímpica. Um dos banheiros masculinos foi interditado por problemas no encanamento, enquanto que no feminino havia vasos cuja descarga não funcionavam. Algumas torneiras, por sua vez, apresentavam vazamento.

Já no único mini-mercado instalado no local não estão sendo vendidos refrigerantes. O motivo é a ausência de geladeiras, que ainda não foram entregues.