A consciência de que estaria em uma festa de Réveillon que foi alvo de um atentado terrorista na Turquia provoca arrepios em Thaisa, jogadora de vôlei brasileira do Eczacibasi Vitra, time de Istambul. Mesmo assim, ela não se intimida e não mudou sua rotina desde então. Quando o assunto é violência, a atleta conta que se sentia mais acuada vivendo em São Paulo.

“Só saía no meu carro blindado porque tinha receio de ser assaltada a qualquer hora do dia. No Brasil se vive um terror diário e a cada minuto, aqui não tem nada disso. Ando tranquilamente com tudo: bolsa, celular. Obviamente que os atentados causados por fanáticos preocupam e nos deixam tristes, mas são eventos esporádicos e pontuais. No Brasil não é bomba, mas é furto, sequestro.”

Para as comemorações de ano-novo, Thaisa ia ao clube Reina com o marido Guilherme Pallesi e desistiu da ideia após um “sentimento ruim”. Em 31 de dezembro, um atirador invadiu o local e deixou 39 pessoas mortas e 69 feridas. Apesar da fatalidade, a brasileira tem levado sua vida em Istambul sem medo e até foi ao shopping fazer compras no dia seguinte à tragédia. “Vamos evitar pontos turísticos, que geralmente tem muita gente, e lugares com aglomeração. Mas, sinceramente, a gente está muito tranquilo aqui e nos sentimos seguros.”

A resolução da central bicampeã olímpica é foco total no clube Eczacibasi Vitra até o fim da temporada. Ela tem contrato com o time turco até maio, com a opção de ampliar o vínculo por mais um ano, caso ambas as partes concordem. Para ela, ainda é cedo para falar em renovação. O que quer é retribuir em quadra o suporte que recebeu desde que chegou no país.

“O nível dos jogos é alto. Até os times que, teoricamente, não são tão fortes dão trabalho. Meu principal objetivo agora é ajudar o time a se manter nas primeiras posições na tabela da liga turca, chegar na fase final e conquistar o título. A mesma situação na Champions League. Estamos batalhando”, afirma.

Depois de oito anos no Vôlei Nestlé, de Osasco, Thaisa deixou o Brasil para viver sua primeira experiência internacional, que ela classifica como “a melhor opção que poderia ter feito”. Foi apresentada pelo Eczacibasi Vitra logo depois dos Jogos Olímpicos do Rio. E, recém-chegada, subiu ao pódio para festejar o título do Mundial de Clubes, nas Filipinas.

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SELEÇÃO – Na liga turca, há uma regra que limita em três o número de jogadoras estrangeiras em uma partida. Essa restrição não tem impedido a brasileira de brilhar. A boa fase na Turquia ajudou Thaisa a superar a frustração com a eliminação precoce da seleção brasileira feminina de vôlei na Olimpíada.

“As coisas passam e servem como aprendizado. A vida de atleta não é feita só de vitórias e de sucesso. Os momentos ruins também nos fazem crescer. Já passou, cicatrizou e eu levo para o meu crescimento”, analisa.

A central deixou os Jogos do Rio também insatisfeita por considerar que foi pouco

utilizada pelo técnico Zé Roberto Guimarães e chegou a dizer que, se não houvesse mudança na seleção, dificilmente voltaria a representar a equipe nacional. Meses depois, prefere deixar o futuro em aberto: “Não estou pensando em seleção agora”.

Ela não teve contato com Zé Roberto desde o polêmico episódio. Segundo a jogadora de vôlei, esteve muito ocupada com a mudança para a Turquia. E complementa: “Também acredito que não tenho muito o que conversar. Agora a hora é mesmo de conversar com o Massimo Barbolini (técnico do Eczacibasi) para tentar ajustar o time porque estamos no meio da temporada”.


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