Ricardo Boechat

Ricardo Boechat, 64 anos, chega na redação da TV Bandeirantes, em São Paulo, pouco depois das cinco da tarde. Vai entrar no ar dali a duas horas para apresentar ao vivo, durante uma hora, o Jornal da Band. Está relaxado. Conversa, conta histórias deliciosas sobre seu início meio fortuito no jornalismo, é maquiado, faz uma entrada no programa do apresentador e colega José Luiz Datena, volta a conversar e depois segue tranquilo para a bancada do jornal. À frente das câmeras, endireita-se na cadeira e começa a última etapa de seu trabalho diário de informar.

Para quem está acompanhando, fica um certo nervosismo sobre como ele vai se sair quando teve tão pouco tempo para se preparar. Mas assim que as primeiras notícias são transmitidas, vê-se mais uma vez que não há qualquer possibilidade de erro. Boechat está no comando. Domina a matéria-prima da informação como poucos jornalistas no Brasil. É assim na tevê, na coluna que assina na revista ISTOÉ há dez anos e no microfone da rádio BandNews FM, onde apresenta um programa de enorme audiência.

Sua capacidade de discorrer com a mesma competência sobre o humor político nacional ou a respeito das dificuldades cotidianas do cidadão, por exemplo, foi o que garantiu ao jornalista destaque e prestígio imensos em um ano coalhado de notícias nacionais e internacionais. Por essa razão, é dele o prêmio de brasileiro do ano na área de Comunicação.

Em 2016, Boechat colecionou vitórias. Ele foi o único jornalista latino-americano a participar dos debates presidenciais americanos – esteve no terceiro embate entre Hillary Clinton e Donald Trump, em outubro – e ganhou o prêmio Comunique-se 2016 como melhor apresentador e âncora de rádio por seu programa na BandNews FM. Os contemplados são escolhidos em votação pelo portal Comunique-se, voltado para as notícias do mundo da comunicação. A escolha é o reconhecimento dos próprios colegas aos companheiros de profissão que se destacam.

A recompensa veio também do público. Em um ano marcado por uma polarização de posições cujo maior derrotado foi o bom senso, Boechat passou ao largo das divisões e figurou como o único profissional acompanhado online por aqueles que eram contra e a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, segundo pesquisa do jornal espanhol El País. Uma das razões para a façanha é a credibilidade de suas informações. Outra, mais afeita à uma personalidade carismática e de alguém que fala o que pensa independentemente da coloração partidária do político em questão.

Algo raro, o jornalista também é dessas pessoas com quem qualquer um se sente à vontade, como aquele amigo com o qual se conversa no sofá de casa sobre assuntos que vão da crise política na Turquia ao último jogo do campeonato brasileiro. Na rádio, dá seu telefone no ar e atende como puder. Sua caixa de mensagens fica lotada. “A coluna na revista ISTOÉ não me deixa esquecer da minha origem, da notícia de bastidor”, diz, referindo-se ao garimpo de informações exclusivas que aprendeu a fazer quando começou no jornalismo, na coluna de Ibrahim Sued, no jornal O Globo. “A tevê dá escala ao que faço. A rádio fala no coração das pessoas.”

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“A coluna na revista ISTOÉ não me deixa esquecer da minha origem, da notícia de bastidor”


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