O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira, 9, durante evento em São Paulo, que o patamar atual da taxas de juros real (descontada a inflação) – entre 4,2% e 5,1%, segundo ele – é baixo do ponto de vista histórico. “A taxa de juros real na economia brasileira oscilou nas últimas décadas, mas apresenta clara tendência de queda”, disse, durante evento da Câmara de Comércio França-Brasil (CCIFB).

De acordo com Ilan Goldfajn, “as taxas reais acima de 20% na década de 90 passaram para algo em torno de 10% na década passada e chegaram a uma média de 5% nos últimos anos (considerando o período insustentável de juros reais de 2% no governo anterior)”.

Selic em queda

O presidente do Banco Central afirmou também que a Selic (a taxa básica de juros da economia) está em processo de queda, “em face das expectativas de inflação ancoradas em torno da meta, da inflação em queda e do alto grau de ociosidade na economia”.

Ele repetiu ainda uma ideia contida nas últimas comunicações do Banco Central, incluindo a ata do último encontro do Copom: a de que “para uma dada estimativa da extensão do ciclo, o ritmo de flexibilização depende do estágio do ciclo em que a política monetária se encontra, sem necessariamente refletir mudanças no seu cenário básico ou no balanço de riscos”.

Ilan Goldfajn ressaltou que, em seu último encontro, o Copom decidiu reduzir a Selic em 1 ponto porcentual, para 10,25% ao ano, “e entendeu que uma redução moderada do ritmo de flexibilização monetária em relação ao ritmo adotado deve se mostrar adequada em sua próxima reunião”. Este ritmo, repetiu o presidente do BC, “continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”.

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Durante sua fala, ele voltou a falar ainda que “o cenário básico da instituição “prescreve a continuidade do ciclo de distensão da política monetária, já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo”. De acordo com Ilan, a flexibilidade do regime de metas para a inflação permite que o BC faça a adequação da política monetária aos possíveis cenários prospectivos.

O presidente do BC insistiu ainda, como vem fazendo em suas comunicações mais recentes, sobre o fato de as taxas de juros nominais e reais estarem caindo no Brasil. “A taxa Selic recuou 400 pontos-base nos últimos meses e há expectativa de quedas adicionais à frente”, pontuou o presidente do BC. “As taxas de juros reais também recuaram de valores próximos a 9% a.a. em setembro de 2015 para a faixa de 4,2% a 5,1% atualmente”, acrescentou.

Incerteza/política monetária

Ele repetiu também a ideia de que não há relação direta e mecânica entre aumento da incerteza e política monetária. Ao mesmo tempo, pontuou que o fator de risco principal atualmente é o aumento da incerteza sobre reformas.

Afirmou ainda que a atividade econômica dá sinais de estabilização no curto prazo. “Após dois anos de recessão, dados recentes corroboram o cenário de estabilização e a possível perspectiva de retomada gradual da economia “, disse.

O presidente do BC também voltou a citar o balanço de pagamentos “em situação confortável” e a dizer que a desinflação de alimentos e de produtos industriais pode ter efeitos secundários na inflação. Para ele, a queda nos preços dos alimentos e dos produtos industriais pode contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação.

De acordo com Ilan Goldfajn, a perspectiva para inflação deve evoluir de maneira favorável neste e nos próximos anos. “O comportamento da inflação permanece favorável”, afirmou.

A respeito do cenário externo, Goldfajn disse que, apesar de “favorável no momento”, ele apresenta considerável grau de incerteza “e pode dificultar o processo de desinflação”.


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