Vamos colocar os fatos nos devidos lugares. Se Neymar é mercenário por aceitar uma oferta melhor de trabalho, então cada um de nós também é. Para trocar o Barcelona pelo Paris Saint Germain, o sujeito vai receber salário de 30 milhões de euros (mais ou menos R$ 110 milhões), bônus por desempenho (outros 10 milhões de euros) e uma mansão que fica ao lado da casa do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy. E é Paris. Desculpe, Barcelona, mas você nem se compara.

Nos últimos dias, o Facebook foi inundado por críticas ao rapaz que está em vias de se tornar bilionário (tem patrimônio estimado em R$ 800 milhões), o maior jornal espanhol disse que “é deplorável alguém se render ao dinheiro” e até no Brasil aqueles cronistas chatos de sempre garantiram que o craque vai se estrepar.

Hã?

Eu, você, o Temer, o Lula e até o Duvivier daríamos tudo para receber uma fortuna dessas e, coisa mais linda do mundo, viver em Paris.

Neymar fez tudo certo. Flertou com o PSG enquanto driblava o Barcelona, apresentou um discurso bonitinho de despedida para os colegas de trabalho, disse que foi uma honra jogar em um grande time e todo o blábláblá que só serve para cumprir o protocolo que o mundo corporativo chama de “sair pela porta da frente.” No fundo, ele há muito tempo queria se livrar do estorvo que é atuar ao lado de Messi. Sabe quando a gente não suporta mais o cara que dá expediente ao nosso lado? É isso.

Neymar pode ser insolente, mas é uma figura que, de um jeito ou de outro, não é amigo da monotonia. Paris não será a mesma depois da passagem de um furacão como ele. Barcelona ficará menos divertida.

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Messi, você sabe, não tem o mesmo élan de Neymar. É provavelmente o craque mais insípido da história do futebol. Só fala platitudes, jamais cria confusão, não tem aquele espírito animal que separa as grandes figuras dos palermas. Isso, Messi talvez seja o palerma mais bem-sucedido da história.

Na próxima vez que for criticar Neymar, pense como deve ser doloroso deixar-se apagar por uma alma tão insossa quanto Messi. Admita: você mesmo não suportaria. É impossível dizer se o brasileiro tem bola para superar, no futebol, o argentino, mas asseguro a você que, em todos os aspectos da vida, Neymar é muito mais interessante.

De desinteressante, bastam a política brasileira e todos os gatunos de Brasília.


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