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Quando chegou à Disney World, em Orlando, Flórida (EUA), na segunda-feira 12, três meses depois do ataque do aligátor que matou o menino Lane Graves, de dois anos, a estudante brasileira Silmara Disse de Oliveira, 18 anos, se surpreendeu com as placas de aviso sobre a presença de jacarés-americanos e cobras na praia artificial do Disney’s Grand Floridan Resort & Spa, onde ocorreu a tragédia com a criança. A jovem nem pôde chegar perto da área, isolada por um cercado e com um aviso de “proibido caminhar na areia”. “Quando vim à Disney, três anos atrás, as placas diziam apenas que não podíamos entrar na água”, diz. Silmara, que viajou com os pais, fechou o pacote da viagem depois do acidente e disse que isso não a fez repensar sobre o destino escolhido para passar as férias. “Quando uma coisa do gênero acontece, a Disney toma as providências para que não volte a ocorrer, então a gente se sente seguro. A única coisa que se torna mais frequente é olhar as placas para saber qual o limite daquela região.”

Antes do dia 14 de junho, quando Lane morreu ao ser arrastado pelo jacaré-americano até o fundo da água, não havia proteção entre a areia branca e o lago e eram disponibilizadas cadeiras para que as pessoas pudessem tomar sol e aproveitar a praia artificial. Não havia também nenhum aviso de que animais como aligátors habitavam aquelas águas. Não apenas no Disney’s Grand Floridan Resort & Spa, mas em todos os locais com rios e lagos. Depois do terrível episódio, que maculou o maior complexo de diversões do mundo, a mudança foi radical. Agora nem pisar na areia é consentido. Por precaução, as mesmas providências foram tomadas em todos os locais que possuem praias artificiais. Os muros de pedras, cordas e placas com avisos explícitos começaram a ser colocados no começo do mês de agosto e agora podem ser vistos em todos os ambientes. A funcionária pública Regina Ferre, 50 anos, esteve com a família e amigos na Disney entre os dias 1º e 12 de setembro e observou o novo plano de segurança desenvolvido após o acidente. “Até as águas que beiras as estradas estão cercadas”, afirma Regina, pela segunda vez em Orlando. “Outra coisa que percebi é que antes a gente podia colocar a mão em água de rio. Agora, nem pensar.”

Quando a tragédia que comoveu o mundo ocorreu, a Disney foi severamente criticada por não ter tomado as devidas medidas de segurança desde o início. Afinal, é sabido que o aligátor é um símbolo da Flórida, que tem cerca de 1,3 milhão de jacarés em seu território, e um acidente parecido já havia ocorrido em 1986, quando um garoto de 8 anos, Paul Richard Santamaría, havia sido atacado. Na ocasião, a criança sobreviveu e o animal foi abatido (leia quadro). Segundo especialistas, não há a necessidade de matar o predador e é possível prever acidentes quando há precaução e sinalização adequada. A Disney demorou. Mas fez.


DESTINO PROCURADO

A comoção e repercussão da morte de Lane preocupou o parque de diversões americano sobre o impacto que isso poderia causar no turismo local. Na época, o diretor do órgão ambiental Florida Fish & Wildlife, Nick Wiley, antecipou que mudanças seriam necessárias. “Felizmente, casos como esse não ocorrem com frequência e nós vamos fazer todo o possível para garantir que não aconteça de novo”, disse, em coletiva de imprensa após o acidente. Se depender dos brasileiros, pelo menos, o turismo na Disney World não será afetado. De acordo com a agência de turismo CVC, Orlando, que ultrapassou Buenos Aires há dois anos, continua no topo do ranking dos destinos internacionais e foi o local que mais desembarcou clientes no primeiro semestre deste ano. Em junho de 2016, mês que antecede o período de férias escolares e quando ocorreu a tragédia, a cidade do Mickey Mouse teve um crescimento de 21% em vendas pela empresa, comparando ao mesmo período do ano anterior. A expectativa para o segundo semestre é de que essa procura aumente ainda mais.

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Nem tão seguro assim

Ao longo dos anos, a Disney World registrou acidentes com mortos e feridos. Confira alguns:

– Em 1986, Paul Richard Santamaría, de 8 anos, foi atacado por um aligátor no parque. Ele se aproximou da água quando o animal saiu e atacou sua perna esquerda. A criança escapou com vida e a fêmea de mais de 2 metros foi abatida

– Em 2003, uma colisão de carrinhos na montanha russa matou Marcelo Torres, 22 anos, e feriu mais 10 pessoas. A causa detectada foi falha mecânica

– Em 2005, a colisão de dois carros de uma montanha russa no parque temático Califórnia Adventure deixou 15 feridos

– Em 2006, uma alemã de 49 anos morreu após brincar num simulador de foguete, “Mission: Space”, no parque Epcot Center. O brinquedo usa força centrífuga rotatória para criar a sensação do lançamento de um foguete

– Em 2015, uma pessoa morreu após um acidente ocorrido com um Lamborghini na atração Exotic Driving Experience, na pista Walt Disney World Speedway. O carro bateu em uma mureta, matando o instrutor que estava no carona


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