O ex-presidente peruano, Alan García, compareceu nesta quinta-feira como testemunha diante de um procurador que investiga supostas irregularidades na concessão a um consórcio liderado pela Odebrecht para a construção de um gasoduto no sul do Peru.

As relações entre a Odebrecht e García estão sob investigação depois que a empreiteira, que obteve concessão em 2008, admitiu à Justiça local ter pago propinas a um vice-ministro por mais de 8 milhões de dólares para construir uma linha de metro em Lima durante o governo do ex-presidente.

García lembrou que durante seu governo, em 2008, decidiu-se pela concessão para a construção de um gasoduto no sul do país, por 1,3 bilhão de dólares. Mas foi no governo de seu sucessor, Ollanta Humala, que a obra foi entregue ao consórcio integrado pela Odebrecht, pela espanhola Enagas e pela local Graña y Montero, por 7 bilhões de dólares, o que considerou “superdimensionado”.

“Testemunhei sobre o projeto do Gasoduto Sul, como farei em qualquer convocação”, disse a jornalistas García ao fim da audiência sem a presença da imprensa.

“Colaborarei com a Justiça, (sou) contra os subornos, a única riqueza para um político é a honra de ter servido ao povo”, disse García.

No Peru, Odebrecht admitiu o pagamento de 29 milhões de dólares para conseguir obras entre 2005 e 2014, que compreende as gestões de Alejandro Toledo, García e Humala. Desses, apenas Toledo é procurado pela justiça, acusado de receber 20 milhões de dólares da construtora para fazer a rodovia.

A procuradora ad hoc para o caso Odebrecht, Katherine Ampuero, assegurou que seu despacho avalia solicitar ao MP incluir como investigados Alan García e seu ex-ministro de Transportes Enrique Cornejo, titular na época da concessão.