O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, classificou de “chocante” e “deplorável” a morte de três pessoas, entre elas o candidato a prefeito José Gomes da Rocha (PTB), o Zé Gomes, na quarta-feira, 28, em Itumbiara. O candidato morreu em tiroteio durante uma carreata na cidade, a 240 quilômetros de Goiânia. Para o presidente da Corte Eleitoral, o atual quadro de violência é preocupante.

“(O episódio em Itumbiara) Deu a impressão de atentado. As investigações ainda estão sendo feitas, ainda não se tem claro qual foi a motivação, mas evidentemente parece estar associado a um contexto ou atuação política. Isso certamente será devidamente esclarecido. Mas realmente se trata de um episódio chocante e deplorável para todos os títulos”, disse o ministro a jornalistas.

Também participava da carreata o vice-governador e governador em exercício de Goiás, José Eliton (PSDB). Eliton foi ferido no abdômen. O candidato a prefeito José Gomes da Rocha estava ao lado do vice-governador na carroceria de uma caminhonete quando foi baleado na cabeça por um homem que se aproximou do veículo.

O assassino, identificado como Gilberto Ferreira do Amaral, e um policial militar, o cabo Vanilson Rodrigues, morreram em seguida durante um tiroteio.

O presidente do TSE entrou em contato com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e pediu que a Polícia Federal investigue o assassinato.

Explicação e demais casos

Questionado sobre outros episódios de violência envolvendo candidatos nesta campanha eleitoral, Gilmar Mendes disse que o TSE está acompanhando os casos “com muita atenção”. “Estamos atendendo aos pedidos feitos pelos tribunais regionais e governadores para presenças de forças federais nos vários Estados”, destacou.

Na última segunda-feira, 26, o presidente da Portela e candidato a vereador pelo PP, Marcos Vieira de Souza, conhecido como Marcos Falcon, foi assassinado a tiros em Campinho, zona norte do Rio, em pleno comitê de campanha. Ele era ex-policial militar, acusado de ligação com milícias e estava jurado de morte havia meses, segundo investigação da Polícia Civil do Rio.

“Estamos ainda carentes de explicação (sobre a morte de candidatos nessas eleições), no Rio de Janeiro nós temos a presença de milícias, a questão do crime organizado, narcotráfico. Estivemos duas vezes na Baixada Fluminense, conversamos com as autoridades, discutimos a presença das Forças Armadas e Nacional”, ressaltou Gilmar Mendes.

Para o presidente do TSE, “aparentemente” a maioria dos casos de morte de candidatos está relacionada a questões eleitorais. “Embora também as autoridades do Rio tenham dito que havia disputa de algumas atividades ligadas ao crime comum, ao crime ordinário, mas isso envolve sempre milícias, envolve o narcotráfico. Alguns candidatos estão associados, o que traz uma outra preocupação, que é o crime organizado participando do processo eleitoral, isso realmente é algo delicado”, acrescentou Gilmar Mendes.

“Certamente, as polícias e órgãos de inteligência têm que dar atenção a esses desdobramentos. Não é possível simplesmente impedir que essas pessoas se candidatem, se elas não forem atingidas por lei de inelegibilidade (…) A última coisa que podemos desejar é a presença do crime organizado no sistema político”, comentou.