Cauby Peixoto se vai sem deixar herdeiros musicais? Sim, o eternizador de “Conceição” e “Blue Gardênia” saltou de um dos intérpretes mais prolíficos (foram 140 discos lançados) para o patamar de lenda viva sem nenhum par.

Até Cauby nenhum brasileiro subia aos palcos envolto com lamê e paetês com a sua dignidade. Cauby dizia que era um cantor que assumiu o brilho, “só isso”, sem nunca entrar na discussão do gênero.

Não negou nem jamais assumiu a homossexualidade e não se importava de brincar com a ideia, falando do longo casamento sem sexo com sua melhor amiga, a também cantora Ângela Maria (sem quem não haveria Elis Regina).

Sem dúvida que foi um precursor nesse modo entre-gêneros muito próximo do que chamamos de cafona e que ganha mais no palco que na voz, mesmo tendo começado que vencer apenas com o gogó, na Radio Nacional. Conseguiu.

Não fez escola, infelizmente. Mas não haveria uma estrela do tamanho de Ney Matogrosso, ou um grupo divertido como os Dzi Croquetes, sem antes o caminho ter sido aberto por Cauby, sempre aplaudido de pé, até quando chegou ao fim.