O Monumento às Bandeiras, localizado na Praça Armando Salles de Oliveira (entre o Parque do Ibirapuera e a Assembleia Legislativa), e a estátua do Borba Gato, em Santo Amaro, os dois na zona sul de São Paulo, amanheceram cobertos de tinta colorida. Em ambos, os pichadores usaram as mesmas cores: rosa, verde e amarelo. Ao lado do Borba Gato também havia cascas de ovos.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que “a administração pública foi surpreendida com pichações no Monumento à Bandeira e a estátua de Borba Gato nesta manhã”. Equipes da subprefeitura trabalham, desde as primeiras horas do dia, na limpeza dos equipamentos, informou a gestão.

Há menos de um mês, o Monumento às Bandeiras foi pichado com os dizeres “Fora Temer”. A frase apareceu após um ato contra o presidente Michel Temer (PMDB), ocorrido no dia 12 de setembro. A limpeza durou dois dias.

‘Dor’

Em debate eleitoral na TV Globo nesta quinta-feira, 29, os candidatos à Prefeitura João Doria (PSDB) e Marta Suplicy (PMDB) comentaram a temática “Pichações e Vandalismo”. Marta chegou a dizer que se sente mal ao ver pichações na cidade e citou o Monumento às Bandeiras.

“Tenho dor quando vejo a estátua de Brecheret, aquela do Ibirapuera, que é lindíssima, toda pichada. Isso não pode acontecer. Vandalismo nós não vamos permitir na cidade. Sem truculência, mas não vamos permitir”, afirmou a candidata.

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Doria diferenciou grafiteiros, chamando-os de “artistas”, e pichadores, que segundo ele são “vândalos”. O tucano defendeu punição aos autores de pichação na capital e afirmou que o assunto deve ser tratado como caso de polícia.

“Que prazer é esse que você tem de destruir a cidade, destruir o patrimônio público, a propriedade privada, com a condescendência da Prefeitura? Comigo na Prefeitura isso não vai acontecer. Vamos coibir. Vandalismo tem que ser tratado como polícia”, disse Doria.

Indignação

Nadia Somekh, diretora do Departamento do Patrimônio Histórico (órgão da Secretaria Municipal de Cultura), disse que a limpeza já foi solicitada, mas para definir custo e tempo ainda é preciso identificar o tipo de tinta usada. Segundo Nadia, as pichações recorrentes tendem danificar a escultura. “Estou indignada e chateada. É uma tristeza ver o nosso patrimônio danificado. Nós (da Prefeitura) vamos limpando e o monumento vai danificando. Daqui a pouco não vai ter mais pedra”, afirmou.

Para a diretora do Departamento do Patrimônio Histórico, os autores das pichações “são artistas reprimidos que querem se manifestar de forma violenta”.

Executado por Victor Brecheret, o Monumento às Bandeiras – apelidado de “empurra-empurra” pelos paulistanos – retrata o esforço dos bandeirantes para entrar Brasil adentro. Estão representadas 29 figuras humanas, entre portugueses, negros, mamelucos e índios. Eles puxam uma canoa de monções, utilizadas nas expedições fluviais.

Com 240 blocos de granito de 50 toneladas, a escultura foi encomendada pelo governo paulista em 1921 e inaugurada em 1954.

Já a estátua representa Manuel Borba Gato, que acompanhou a expedição do bandeirante Fernão Dias Paes Leme (1608-1681), conhecido como O Caçador de Esmeraldas. Borba Gato foi administrador de estradas e juiz de Sabará.


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