No Rio Moda Rio, semana de moda carioca ocorrida neste mês, uma modelo em especial chamou a atenção. Com cabelos loiros curtinhos e traços marcantes, a paranaense Ana Schimiloski, de 20 anos, desfilou para marcas como Isabela Capeto e Martu. Cruzou a passarela de ambas usando vestidos bem femininos que faziam contraponto a seu visual andrógino.

Desde que cortou os cabelos platinados, que antes batiam abaixo da cintura, Ana viu a carreira deslanchar. Na São Paulo Fashion Week, em abril, participou de oito apresentações. Com o novo visual, a new face ficou alinhada ao movimento internacional da moda sem gênero, em que modelos homens e mulheres de visual andrógino vêm dominando as passarelas.

No desfile da coleção Cruise da francesa Louis Vuitton no Rio, no mês passado, a tendência ficou clara. Várias das 50 tops que cruzaram a passarela causaram dúvidas nos convidados. Afinal, eram meninas ou meninos? A resposta: todas meninas, algumas com características masculinas, perfeitas para mostrar as peças que transitam entre os gêneros criadas pelo estilista da marca, Nicolas Ghesquière.

Presente nos desfiles da Louis Vuitton nas últimas cinco temporadas, a suíça Tamy Glauser representa bem essa nova cara da moda. A top tem cabelos raspados, lábios grossos, maxilar angulado e, por isso, segundo o portal da revista Vogue, “ninguém no mercado hoje se parece com ela”.

Também presente no desfile da Louis Vuitton no Rio, a sueca Erika Linder é outra modelo dona de um visual singular. Loira de olhos azuis e com traços delicados, ela mostra uma capacidade impressionante de mudar de gênero em fotos. Dependendo da maquiagem, das roupas e do penteado, fica com cara de menino ou menina. Não à toa, caiu nas graças do fotógrafo Bruce Weber que a clicou para a campanha de outono/inverno 2016 da Louis Vuitton, ainda não lançada.

É impossível falar de androginia no universo fashion sem citar Andreja Pejic, que nasceu homem e passou a se apresentar como mulher em 2014. Anos antes, quando ainda era Andrej, ela chamou a atenção dos estilistas por representar o melhor dos dois mundos, desfilando looks femininos para Jean-Paul Gaultier e masculinos para Marc Jacobs.

Vale ressaltar, porém, que androginia não está relacionada à orientação sexual, escolha de gênero ou sexo biológico. Trata-se de uma questão estética – cada vez mais comum e em alta no mundo da moda.