Rio de Janeiro - O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, participa de encontro para debater a segurança no país, no JW Marriott Hotel, em Copacabana (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Ministro Osmar Terra disse que os serviços de assistência vão buscar oportunidades para os jovens, trabalhando com capacitação e atividades esportivas  Tânia Rêgo/Agência Brasil

O ministro do Desenvolvimento Social, Osmar Terra, defendeu hoje (1º), no Rio de Janeiro, que é preciso “disputar os jovens” de comunidades pobres do Rio e impedir que entrem para o crime organizado. Ele afirmou que as Forças Armadas e de segurança pública serão o abre alas do Plano Nacional de Segurança nas comunidades, e disse que os serviços de assistência vão buscar oportunidades para os jovens e trabalhar com capacitação e atividades esportivas.

“Se não fizermos isso, de onde esses [criminosos] vieram para o crime organizado muitos outros vão continuar vindo. Ou abrimos essa comunidade e inspiramos esses jovens para um outro mundo ou teremos muita dificuldade em vencer a violência no Rio de Janeiro”, afirmou o ministro. “Tem que haver um entrelaçamento das ações sociais junto com as ações de segurança”.

Osmar Terra participou, num hotel da zona sul da cidade, do debate Encontro Brasil de Ideias, que tratou de segurança pública. Ele contou que está em negociação com o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e com o prefeito Marcelo Crivella, a reabertura de centros de assistência social em favelas do Rio. Pediu a uma plateia de empresários que a iniciativa privada apoie o projeto, inclusive com a oferta de vagas de emprego e estágio reservadas para jovens indicados pelo governo por meio desses centros.

O ministro adiantou que o governo pretende aumentar em até três vezes as vagas em programas esportivos oferecidos pelas Forças Armadas e disse que outra ideia é oferecer cursos na área de programação para estimular o empreendedorismo.

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Outra medida em estudo é a oferta de um acréscimo no valor pago pelo Bolsa Família às famílias em que os jovens participam desses programas sociais no período em que não estão na escola.  

Legalização

Ao falar sobre o crime organizado, o ministro chamou de “leniência” a possibilidade de legalizar a venda de drogas diferentes do álcool e do tabaco no Brasil e afirmou que o país já vive uma epidemia do consumo de entorpecentes.

“Essa leniência de achar que legalizar drogas pode ser uma opção é um absurdo. Na minha opinião, é um absurdo”, disse ele, cujo argumento foi de que o consumo de drogas pode causar comportamentos violentos e doenças psiquiátricas.

Terra comparou que casos de violência doméstica muitas vezes estão relacionados ao consumo de álcool, que é legalizado e de fácil acesso à população, segundo ele. “Se legalizar as outras, vai aumentar [a violência], não vai diminuir. Vai aumentar o número de pessoas com transtornos na rua”.

O presidente da Embratur, Vinícius Lummertz, participou do debate e defendeu que o ambiente de segurança só pode permanecer se houver sustentabilidade econômica. Argumentou que são necessárias medidas que estimulem o empreendedorismo e a geração de postos de trabalho. “O maior programa social é o emprego. E não só o emprego, mas a fluência social, a condição de crescer na sociedade”, destacou Lummertz.

Regularização fundiária em áreas pobres

Mediador da segunda mesa do evento, o secretário de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação da prefeitura do Rio, Índio da Costa, destacou que uma das iniciativas de sua pasta para enfrentar a influência do crime organizado é a regularização fundiária em áreas pobres da cidade, garantindo aos moradores propriedade sobre imóveis.

Para ele, a medida reduz a vulnerabilidade dos moradores diante das investidas de milicianos e traficantes que queiram tomar suas casas.

O chefe do gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, encerrou o evento pedindo que os empresários se engajem no debate sobre segurança pública e promovam uma visão que não seja pautada “por ideologias dogmáticas”.

“Existem dois fatores críticos para o sucesso disso: a adesão da sociedade do Rio de Janeiro e a compreensão que a mídia terá do que será feito. Isso é fundamental, porque vamos ter insucessos, vamos ter incidentes”.



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