Um dia após o Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) autorizar a saída de Geddel Vieira Lima da Papuda, o Ministério Púbico Federal pede nova prisão preventiva contra o ex-ministro de Michel Temer. Para os procuradores Anselmo Lopes e Sara Moreira Leite, novos elementos colhidos na investigação mostram que Geddel cometeu os crimes de exploração de prestígio e tentou embaraçar às investigações.

Os procuradores se baseiam nos depoimento do corretor Lúcio Bolonha Funaro e de sua esposa, Raquel Pitta. Os dois detalharam os contatos feitos pelo ex-ministro.

Segundo o MPF, em depoimento, Funaro afirmou que Geddel “alegou exercer influência criminosa sobre o Poder Judiciário da União”. O corretor narrou à PF que, após a realização de sua audiência de custódia, Geddel mandou mensagem via “WhatsApp” reclamando da troca de advogado de Funaro e disse que, com a entrada da nova defensora, tinha “ficado ruim para o juiz”.

No entendimento do MPF, a revelação de Funaro mostra que Geddel tentava monitorar o ânimo do corretor em fazer possível colaboração premiada e também alegava, perante ele e sua família, exercer (direta ou indiretamente) influência sobre decisões que interessariam à defesa do corretor, nos processos relacionados à Operação Sépsis, na qual este último é réu.

“Observa-se, assim, que Geddel, ao protestar contra a troca do patrono de Funaro, insinua ter a capacidade de influenciar decisões do Poder Judiciário, agindo como verdadeiro vendedor de ‘fumaça’, indicando, inclusive, que teria, com a troca de advogados, ‘ficado ruim para o Juiz”, afirma o MPF.

Ainda de acordo com o MPF, o “Juiz” citado por Geddel “deve ser entendido como magistrado, ou seja, membro do Poder Judiciário.”

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“Assim, não se sabe ao certo, nesse possível contexto de tráfico de influência aplicado ao Poder Judiciário (no caso, possível conduta penal de exploração de prestígio), a qual magistrado Geddel Vieira Lima invocava exercer influência: se a magistrado da 10ª Vara Federal, se a magistrado que compõe a Turma Julgadora de processos das Operações Sépsis e Cui Bono no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), ou, ainda se a magistrados de Cortes Superiores”, completam os procuradores.

Ligações

Funaro e Raquel ainda detalharam os contatos feitos pelo ex-ministro. De acordo com laudo da Polícia Federal realizado no celular de Raquel, Geddel ligou ao menos 16 vezes para a esposa de Funaro entre os dias 13 de maio de 2017 e 1º de junho de 2017.

“Tal constatação indica, de forma segura, a tentativa e, em certas ocasiões, o efetivo contato entre o investigado Geddel Vieira Lima e a esposa do também investigado (e réu) Lucio Funaro. Indica, outrossim, não uma pressão esporádica exercida pelo investigado Geddel sobre a esposa do também investigado Lúcio Funaro, mas sim uma atividade de monitoramento diário sobre o humor e a intenção de colaboração deste último”, afirma o MPF.

Para os procuradores, o fato de Raquel nunca ter mantido qualquer relação com o ex-ministro revela que os contatos mapeados sugerem a tentativa de pressionar a esposa de Funaro e ter informações sobre seu marido.


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