Ministério aposta em nova tecnologia para conter desmates

Em meio a medidas consideradas polêmicas sobre seu possível efeito no desmatamento da Amazônia, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama preparam um pacote de novas estratégias para tentar conter o problema. A ideia é ir além dos mecanismos de comando e controle tradicionais, com operações em campo, e adotar mais a tecnologia e a inteligência para inibir desmatadores.

O carro-chefe será a operação Controle Remoto, que cruza imagens de satélite com dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para detectar dos escritórios do Ibama os desmatamentos e enviar por correio as multas. O embargo de áreas também é automático.

A estratégia começou a ser adotada de modo piloto em março de 2016 em Mato Grosso. No fim do ano, chegou ao Pará e, neste ano, a Rondônia. Em breve deve ser ampliada para o sul do Amazônia e, aos poucos, alcançar toda a Amazônia Legal.

Balanço do Ibama passado com exclusividade para o Estado revela que, com a Controle Remoto, foram feitos 601 autos de infração, que resultaram no embargo de 197,7 mil hectares e em R$ 853 milhões em multas.

Uma das principais vantagens é que a tecnologia traz materialidade para a infração e autoria, como explicam no jargão técnico. Com as imagens de satélite feitas regularmente, e comparadas com dados do Prodes, o sistema que traz os dados oficiais de desmatamento anual, é possível ver que novos desmates estão ocorrendo.

Isso já era usado antes pela fiscalização. Ao confrontar isso com dados do CAR, é possível ver exatamente quem é o responsável – e a multa chegará na sua caixa de correio.

O proprietário passa a saber que está sendo vigiado, mesmo quando não há helicópteros voando sobre o território, e a expectativa do governo é que isso possa evitar desmatamentos. É o que se acredita que possa ter ocorrido em Mato Grosso em 2016 – foi o único Estado da Amazônia que teve redução de taxa anual de desmate.

Segundo Jair Schmitt, diretor do Departamento de Florestas e Combate ao Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, outra vantagem é o custo. “Um auto de infração na Controle Remoto é estimado em torno de R$ 600. Já o custo de campo fica em torno de R$ 2.800”, afirma. A operação em campo, continua sendo importante, diz, porque é capaz de atuar no desmatamento ativo, evitar seu avanço, prender maquinário. “Com isso, ampliamos nossa atuação. São estratégias complementares. Com a Controle Remoto conseguimos focar locais que no momento estejam sem operação de campo”, explica Renê Luiz de Oliveira, coordenador geral de Fiscalização Ambiental do Ibama. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.