A internet foi a maior revolução da humanidade nos mais diversos setores da comunicação e do conhecimento, entre eles o segmento da informação. Certo? Errado. A internet veio para substituir a linguagem impressa, na mídia e na literatura, pelos textos que podem ser acessados e lidos em suportes digitais. Certo? Novamente errado. A internet é a maior responsável pela democratização de dados e notícias, e, consequentemente, o meio de veiculação mais confiável. Certo? Pela última vez, errado. Nesse momento em que escrevo, valho-me da internet e pesquiso sobre Johannes Gutenberg. Ironicamente, é a própria internet que aponta, como o “evento mais importante do período moderno”, não a invenção da web por Timothy John Berners-Lee, mas a “impressão por meio de tipos móveis” criada por Gutenberg – sem tal revolução, Renascença e Reforma dificilmente teriam existido e não conheceríamos os fundamentos da moderna economia.

A internet está longe de reinar absoluta. Nos últimos três anos, a venda de livros físicos e a queda na aquisição de e-books nos EUA indicam que a falência do texto impresso foi decretada de forma açodada por interesses de mercado. Pesquisas recentes demonstram que sobe o número de leitores da mídia impressa e, igualmente importante, sobe também o nível de confiança nessa forma de mídia em relação à mídia digital: 60% dos entrevistados preferem ler no papel e confiam nesse suporte; 84% dos brasileiros não confiam em informações de redes sociais; 83% desconfiam de blogs.

Há muitas lacunas e inverdades na internet (praticamente terra de ninguém em termos de legislação). A garantia da democracia sustenta-se em informações e fatos verdadeiros (o contrário da verdade factual é a mentira), e aí surge a função vital da mídia impressa (já que é nela que estatisticamente a população mais confia) na manutenção do Estado democrático.
Outro dado a confirmar o que se expõe envolve as leis de mercado e seus lucros. O conglomerado alemão Bertelsmann (revistas e tevês, com 117 mil funcionários) acaba de anunciar a compra de parte da editora Penguin, a maior do mundo. O valor do negócio é de US$ 1,5 bilhão. Não se tem notícia de que a Bertelsmann tenha algum dia jogado fora um dólar sequer – e isso desde a sua fundação há 182 anos.

A maior revolução na área da comunicação continua sendo a promovida por Johannes Gutenberg e não a de Tim Berners-Lee