Os esforços para encontrar vida nos prédios destruídos da Cidade do México pelo terremoto que causou 305 mortes tiveram de ser temporariamente interrompidos neste sábado por causa de um novo tremor de magnitude 6,1, que gerou nervosismo entre a população e causou duas mortes.

O novo terremoto matou duas mulheres na capital por infarto. Mais uma mulher e um homem também morreram no estado de Oaxaca.

As ruas da Cidade do México foram cenário de pânico pouco antes das 08h00 de sábado (13h00 GMT, 10h00 horário de Brasília), quando um alto alarme que antecipa terremotos soou.

Gente de pijama, com o rosto cansado e tenso, saiu apavorada. Pais abraçando seus filhos, mulheres idosas chorando, muitos cuidando de seus animais de estimação, principalmente cachorros, que resistem à angústia no ambiente.

O presidente Enrique Peña Nieto disse no Twitter que os maiores danos em Oaxaca são uma ponte que deverá ser reconstruída e estruturas com danos anteriores que acabaram desabando.

– Resgate retomado –

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Os trabalhos de resgate em aproximadamente cinco pontos de edifícios colapsados foram temporariamente suspensos, quando os socorristas deixaram os escombros depois de ouvir o alerta.

O tremor só foi percebido em algumas áreas da capital porque o epicentro foi a cerca de 700 km, ao contrário do terremoto anterior, a aproximadamente 150 km e que não pôde ser alertado com os habituais 40 segundos de antecedência por causa dessa proximidade.

Depois de certificarem que os pontos resgate tinha garantias de segurança, os trabalhos foram retomados com a esperança de encontrar pessoas vivas mesmo após as 72 horas de sobrevivência que os especialistas dão a uma pessoa presa nos escombros.

Em um prédio colapsado no bairro central Rima-Condesa, os tratores foram religados a fim de retirar pesados destroços em uma operação cirúrgica para acelerar o resgate, mas evitando o risco de ferir possíveis sobreviventes.

Os familiares das pessoas presas nos escombros assinaram durante a madrugada uma autorização para que esses tratores fossem usados depois de conversar com socorristas de México, Estados Unidos e Israel.

– Fé –

“Viemos salvar vidas. Tem que ter fé e pensar que elas (as pessoas presas) estão em um lugar onde conseguem ar e assim sobreviver. Sabemos onde as pessoas estão, onde elas deveriam estar, e é lá que estamos trabalhando”, disse à AFP Karin Kvitca, socorrista israelense de 29 anos.

Conforme passam as horas, os familiares vão demonstrando maiores sinais de cansaço e desespero.

Alguns rezam e choram por seus entes queridos a um virgem de gesso de meio metro e com um longo véu branco que foi colocada atrás de uma estrutura instalada para os familiares.

“Vamos fazer uma oração para colocar nas mãos de nossa virgem todos os socorristas e nossos irmãos que estão ali (entre os escombros)”, diz Elisa Montesinos, uma catequista de 33 anos.

Nas redes sociais correm rumores de que grandes tratares começarão a remover os escombros, mas o governo federal e a prefeitura insistem que esgotarão todos os esforços para resgatar pessoas com vida.


Os tratores até agora só foram usados com autorização dos familiares na intenção de agilizar os resgates.

Em Tlalpan, no extremo sul da capital, onde na sexta havia esperanças de duas pessoas com vidas, os resgatistas insistem em seguir trabalhando, apesar de as equipes japonesas e israelense já terem se retirado.

Os resgates foram feitos em meio a cenas comoventes, pessoas cantando o hino nacional, os japoneses fazendo reverência ante um corpo sem vida ou um voluntário dizendo a uma jovem resgatada de que teria de convidar a todos para um jantar.

A Proteção Civil da cidade escreveu no Twitter que até este sábado foram resgatadas 69 pessoas de imóveis colapsados após o terremoto de terça-feira.

O prefeito da capital, Miguel Ángel Mancera, disse à Televisa neste sábado que se calcula que ainda há cerca de 30 pessoas que podem ser salvas nas buscas.

Segundo o último balanço, o terremoto deixou 305 mortos: 167 na Cidade do México, 73 no Estado de Morelos, 45 em Puebla, 13 no Estado do México, 6 em Guerrero e um em Oaxaca, segundo a Defesa Civil federal.

Foram identificados oito estrangeiros entre as vítimas: uma panamenha, um argentino, um espanhol, um sul-corano e quatro taiwanesas.


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