01/11/2016 - 9:00
Lars Ulrich entra na sala com um palito de dente na boca e pergunta brincalhão de onde cada um de nós é. Estamos no lendário estúdio Electric Lady, em Nova York, e o baterista do Metallica chega animado para mostrar à imprensa internacional as doze canções do novo disco “Hardwired… To Self-Destruct”. O décimo álbum de estúdio chega às lojas no próximo dia 18, após um hiato de oito anos sem que a banda lançasse disco próprio. Nesse tempo, além do trabalho anterior (Death Magnetic, 2008), o Metallica gravou com Lou Reed (Lulu, 2011) e esteve ocupado com a realização de um filme (Through The Never, 2013).
O anúncio do álbum ocorreu no mesmo dia em que o Metallica fez um concerto para promoção do disco. Mais tarde, durante o show, o guitarrista, vocalista e letrista James Hetfield cumprimentava o público nova-iorquino. “De onde vocês são?”, perguntava e respondia a si próprio. “Somos do aqui e agora.”
Como atestou a performance, Hardwired… To Self-Destruct é a banda em momento único dos seus 35 anos de carreira, mostrando de onde veio e aonde chegou. Em meio a toda pressa de cada faixa no disco, dá para ouvir quatro cinquentões – três californianos e um dinamarquês – tocando confortavelmente com raiva e precisão.
“Eu sinto que sonoramente este é o melhor álbum que o Metallica já fez”, diz o baixista Robert Trujillo em entrevista exclusiva ao Estado. “Eu sei que demorou um pouquinho, mas ainda há energia criativa na banda e, enquanto nossos corpos aguentarem, vamos continuar tocando e gravando. Este é um novo começo para o Metallica.”
Com letras abordando a temática conflito-perdas-vida-morte, o álbum marca uma reconexão do Metallica com suas raízes trash metal, já ensaiada no disco anterior e mantém o típico mote niilista da banda nas letras. A primeira faixa, Hardwired, dá o tom da pancada sonora que acompanha o resto do disco. “Estamos f…/ Sem nenhuma sorte/ Programados para a autodestruição”, diz o refrão.
“Tocar bateria para mim é como se fosse meu ticket de entrada na música. O que mais gosto é o processo criativo, a produção e a gravação do disco”, afirma Lars Ulrich, em entrevista exclusiva após a apresentação da banda, em Nova York. O baterista ensaia uma explicação sobre as músicas do novo disco mas desconversa, ainda mantendo um palito de dente na boca. “Quem sabe o que se passa na mente sombria e maluca de James Hetfield quando ele escreve as letras?”
Produzido por Greg Fidelman, que colaborava como engenheiro de som da banda há dez anos, o álbum traz o Metallica em plena forma, descendo a mão nos instrumentos para fazer muito barulho sem medo de ser feliz. Finalizado apenas duas semanas antes de seu anúncio oficial, o disco tem riffs agressivos, batidas rápidas, melodias trituradoras – é metal e é pesado.
De volta à audição oficial do álbum no Electric Lady, um sujeito vestido de preto sentado no sofá bem de frente para as caixas de som balança discretamente a cabeça com seus óculos escuros. É Marky Ramone despercebido entre a imprensa presente. “Me lembra o Black Album”, afirma, baixinho, o ex-baterista dos Ramones em rápida declaração ao jornal “O Estado de S. Paulo”. “Gostei do som.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.