Ministra e presidente do STF Cármen Lúcia durante o "X Fórum da Aner" (Associação Nacional dos Editores de Revista), em São Paulo (Foto: Gisele Vitória)
Ministra e presidente do STF Cármen Lúcia durante o “X Fórum da Aner” (Associação Nacional dos Editores de Revista), em São Paulo (Foto: Gisele Vitória)

“Deixa o povo falar”. Citando o escritor Fernando Sabino, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, abriu o X Fórum da Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), em São Paulo, nesta quinta-feira, 20, defendendo as liberdades plurais, amplificadas pela tecnologia digital e pelas redes sociais. Ela mencionou o momento difícil do Brasil, mas não citou a prisão do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A ministra, que voltou a defender a liberdade de expressão com a frase “cala boca já morreu”, apontou o cenário democrático impulsionado pelas redes sociais. “Passamos da praça pública da Grécia, para a praça virtual, onde todos os cidadãos se manifestam. As nossas Ágoras (praça principal das antigas cidades gregas, local de assembleias do povo) são as redes sociais. É o modelo de democracia direta.”

Assista entrevista com Nizan Guanaes, que participou do X Fórum Aner

Cármen Lúcia disse que as liberdades devem ser exercidas amplamente. “As formas de expressão proliferaram e estamos aprendendo a conviver com elas”, afirmou. “Paralelamente, temos um patrulhamento que não é feito mais pelo Estado, mas por grupos da sociedade. Surgem confrontos e conflitos que vão parar no judiciário. A democracia aumenta em um país que garanta a sua imprensa livre para tornar o país mais justo.” A ministra defendeu a imprensa mesmo quando critica. “A mesma imprensa que me critica, também me protege”, disse. “Às vezes leio coisas sobre a ministra e penso: nossa, ela não devia estar ali”, brincou.

A presidente do STF voltou a defender a celeridade no judiciário. “São 100 milhões de processos em tramitação. Com 16 mil juízes, a celeridade descompassa com o tempo em que vivemos. O mundo quer rapidez”, disse.

Ao defender o cumprimento da Constituição, a ministra, que é mineira, divertiu a plateia contando um caso de um prefeito, sem citar o município, que baixou um decreto regulamentando o artigo terceiro da Constituição. Ela conta que soube da história porque um ex-aluno seu trabalhava na tal prefeitura. “O decreto do município dizia: a partir de hoje, está erradicada a pobreza neste município”, contou. Intrigada, a ministra disse que perguntou ao seu ex-aluno: “Mas o que ele fez para erradicar a pobreza? Matou os pobres?”

Carmem Lúcia terminou seu discurso no auditório da ESPM aplaudida de pé, saiu rapidamente e seguiu de volta para o aeroporto de volta para Brasília.