No dia em que a Receita Federal divulgou uma queda real anual de 10,12% na arrecadação de agosto, que foi a pior para o mês desde 2009, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que existe uma tendência de recuperação desse recolhimento, em meio à esperada retomada da economia. Durante a premiação Estadão Empresas Mais em São Paulo, ele apontou que historicamente no Brasil, quando a atividade está acelerando, a arrecadação cresce mais do que o Produto Interno Bruto (PIB), mas quando a atividade começa a perder força, a arrecadação cai mais do que o PIB.

“Temos perspectiva de crescimento no final desse ano, começo do próximo. As estimativas para o PIB em 2017 estão gradualmente sendo cada vez mais elevadas. Teremos uma recuperação da arrecadação”, comentou.

Meirelles explicou que a proposta de ajuste do governo tem como centro uma redução gradual, mas duradoura dos gastos, e também um aumento de receita temporário via privatizações e concessões, além de outros fatores extraordinários.

“No Brasil, nós tivemos várias vezes estratégias de contenção temporária dos gastos, inclusive via atraso de pagamentos, corte de investimentos. E também muitas vezes com uma elevação permanente de carga tributária. Agora nós não falamos em cortes de despesas drásticos e não sustentáveis”, afirmou.

O ministro explicou que, a partir de 2011, com a adoção da chamada Nova Matriz Econômica, houve uma forte expansão dos gastos públicos, além de limitação de juros e controle artificial de preços, com o objetivo de fazer a economia crescer acima do seu potencial. “Agora, chegou o momento do ajuste”.

Meirelles afirmou que agora a possibilidade de crescimento da economia brasileira começa a se concretizar, mas que para isso se manter é preciso aprovar a PEC dos gastos e a reforma da Previdência. “A reforma da Previdência é importante para conter despesas e também para melhorar a produtividade”, salientou.