SÃO PAULO, 24 MAR (ANSA) – O executivo Marcelo Odebrecht afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que a ex-presidente Dilma Rousseff sabia das doações feitas pela empreiteira à campanha de reeleição da petista por meio de caixa 2. As declarações foram feitas ao TSE no dia 1º de março, mas só foram divulgadas ontem (23) pelo site “O Antagonista” e confirmadas posteriormente pela imprensa. “Dilma sabia da dimensão da nossa doação e sabia que nós éramos quem fazia grande parte dos pagamentos via caixa 2 para João Santana. Isso ela sabia”, disse Marcelo Odebrecht quando questionado pelo ministro Herman Benjamin se já havia conversado com a petista sobre as dívidas do partido.   

Além disso, o executivo também afirmou que “inventou” a campanha de reeleição de Dilma Rousseff. “Eu não me envolvi na maior parte das demais campanhas, mas na eleição presidencial [de Dilma] os valores [de doação] foram definidos por mim”.   

Em nota, a assessoria de Dilma disse que “o senhor Marcelo Odebrecht precisa incluir provas e documentos das acusações que levanta contra a ex-presidente da República” e que, “apesar das levianas acusações, supeitas infudadas e do clima de perseguição”, Dilma continuará enfrentando os processos que tem sofrido. Além disso, Marcelo Odebrecht também disse que a empreiteira doou R$ 150 milhões à chapa Dilma-Temer na eleição de 2014. No entanto, ele não precisou quanto foi doado por meio de caixa oficial e quanto foi doado via caixa dois. Desse valor, segundo o depoimento, R$ 50 milhões seriam uma contrapartida pela aprovação em 2009, pelo Congresso, da Medida Provisória 470 (Refis), que facilitou a renegociação das dívidas de empresas do grupo. Marclelo Odebrecht disse também que o acerto para a doação de R$ 50 milhões foi feito diretamente com o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e que ele era o responsável por tratar de doações com as empresas no governo Dilma. Durante o governo de Luís Inácio Lula da Silva, o responsável pelos pagamentos ao governo e ao PT era o também ex-ministro Antônio Palocci, ainda de acordo com o empreiteiro. A defesa de ambos não quis se pronunciar. (ANSA)