As organizações não governamentais (ONGs) Sea Eye e Save the Children informaram neste domingo (13) que também suspenderam a busca e salvamento de imigrantes no Mar Mediterrâneo. A decisão ocorre um dia depois que os Médicos sem Fronteiras (MSF) interromperem temporariamente seus resgates. A suspensão das três ONGs decorre da decisão da Marinha da Líbia, junto com a Itália, de controlar as águas internacionais.

A Sea Eye “lamentou” a medida, mas disse que a “situação é muito preocupante para o risco de segurança pessoal e para a real capacidade do [navio] Vos Hestia de implementar sua missão de resgate”.

“Continuar o nosso trabalho de resgate seria irresponsável para nossas equipes. Além disso, nesta nova situação, barcos de imigrantes serão forçados a voltar para a Líbia, e muitas crianças e adolescentes vão morrer antes de deixar a nova zona”, ressalta o comunicado da ONG no Twitter.  

Desde o início do mês, a Itália ajuda no trabalho de monitoramento das águas líbias no Mar Mediterrâneo para localizar e impedir o tráfico de pessoas. É dos portos da Líbia que parte o maior número de pessoas que fogem de conflitos ou da miséria nos países africanos em busca de uma vida melhor na Europa. “Estamos prontos para retomar as operações, mas primeiro temos que ter garantias sobre a segurança da equipe e eficácia das operações”, afirma Rob MacGillivray, diretor da operação.
  
Por sua vez, a associação humanitária SOS Méditerranée diz que a situação realmente é preocupante, mas ressalta que vai continuar atuando no Mediterrâneo. Em comunicado, a ONG destaca que “vidas de pessoas estão em risco, tanto no mar como na Líbia. Restringir o acesso e as atividades das ONGs causa, mais uma vez, um aumento de mortes e sofrimento no Mar Mediterrâneo”.
  
De acordo com dados da MSF, no primeiro semestre de 2017, as ONGs foram responsáveis por 35% do total de operações no Mediterrâneo Central, a rota que leva deslocados da Líbia para os portos italianos.
  
Recentemente, o governo italiano criou um código de conduta para gerir a atuação das ONGs e abriu uma crise entre diversas entidades e Roma.

O documento é formado por 13 compromissos, e o principal deles proíbe as organizações de entrar nas águas territoriais líbias, a não ser em “situações de grave e iminente perigo”.

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Também é vetado “facilitar” a partida de barcos clandestinos e atrasar a transmissão de sinais de identificação. O descumprimento das normas do código pode levar à “adoção de medidas por parte das autoridades italianas contra os respectivos navios”.


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