Um total de 53 nigerianos foram acusados no estado de Kaduna (norte) de ter organizado um casamento gay, em um país onde a homossexualidade pode ser punida com até 14 anos de prisão, informou nesta quinta-feira um secretário judicial.

“Segundo o dossiê da acusação, os suspeitos foram detidos em 15 de abril em um motel”, explicou Mahmud Bello à AFP. “São acusados de conspiração, reunião ilegal e pertencimento a um grupo antissocial”, acrescentou.

Segundo este documento, “uma equipe da polícia deteve um grupo de pessoas que preparavam em um motel a celebração de um casamento gay entre Faruk e Sanusi, que continuam foragidos”.

Os acusados, homens de entre 20 e 30 anos, a maioria deles estudantes, compareceram em primeira audiência na quarta-feira ante o Tribunal de Justiça de Zaria.

Eles foram detidos após uma denúncia, aparentemente de um funcionário do hotel onde a reunião foi realizada.

A polícia continua buscando os dois “noivos”.

Todos os acusados se declararam inocentes e foram liberados sob fiança pelo juiz Auwal Musa Aliyu, que adiou o processo para 8 de maio.

O ex-presidente nigeriano Goodluck Jonathan impulsou em 2014 uma lei que proíbe não só o matrimônio homossexual, mas também a “coabitação entre pessoas do mesmo sexo”, e condena a entre 10 e 14 anos de prisão qualquer exibição pública de “relações amorosas entre pessoas do mesmo sexo”.

Neste país, muito religioso e com um forte sentimento homofóbico por parte das comunidades cristãs e muçulmanas, nunca ninguém foi condenado por homossexualidade, mas a lei em vigor gerou um “sentimento de medo e de excesso de zelo” das forças de segurança, segundo Wendy Isaack, especialista em questões de gênero da ONG Human Rights Watch (HRW).