Bruno Santos/ Folhapress

Ele agora mudou de patamar. Coleciona novas peças acusatórias em ritmo quase semanal. É denúncia para todo lado. Neste início de mês já foram três consecutivas contra ele. Mesmo quem acompanha perdeu a conta. Como réu o líder petista figura em seis processos. Sentença de condenação também não falta: quase dez anos de cadeia o aguardam por um único dos malfeitos que cometeu. A ficha corrida do ex-presidente não é para qualquer um e sim digna de criminosos de alta estirpe. Mesmo assim ele insiste em posar de injustiçado, perseguido da lei. A lorota caiu por terra quando o parceiro de todas as horas, Antônio Palocci, deu com a língua nos dentes e relatou os esquemas nos quais Lula teria recebido a bolada de R$ 300 milhões como reserva técnica. Isso de apenas uma das empresas que lhe fazem gentilezas. Dinheirama sem fim além – é claro – de benesses imobiliárias e reformas na qualidade de mimos extras. Palocci figurava como homem da mais estreita relação e confiança de Lula. E nessa condição relatou com requintes de detalhes o caudaloso fluxo de corrupção em torno do antigo chefe e aliado. Haja lambança. Lula, por sua vez, para não fugir ao figurino habitual, comportou-se como um dissimulado de marca maior. Em escala ascendente, as suas reações contra quem o acusa – e já somam mais de 30 delatores entre empreiteiros, correligionários, operadores e amigos do calibre de Bumlai, Delcídio e quetais – soam inverossímeis, espetaculosas. Estariam todos mentindo, menos ele. Quem não se condói de tamanha crueldade? Há poucos dias disse ao juiz Moro, em mais um dos enésimos depoimentos, que prefere “a morte” a passar por mentiroso. Por essa ótica, o enterro já deveria ter ocorrido faz tempo. Lula mente com a cara de pau de um Pinóquio incorrigível. Na semana passada, quando confrontado com as evidências de propina dada a seu instituto, chegou ao limite de dizer que não participava da direção executiva da organização. Figurava somente como “presidente de honra”. Em outras palavras, deixou entender que o Instituto Lula não é propriedade dele, Lula. Saibam todos de antemão. O cacique do pau oco debocha de qualquer circunstância. Mesmo as mais constrangedoras a ele. Cria ao seu redor espetáculos deprimentes. As passeatas recentes, organizadas durante as suas andanças pelos currais do Nordeste, reuniram meia dúzia de áulicos seguidores. Nada além. Situações anedóticas foram registradas. Tome-se, por exemplo, o comentário da presidente da agremiação petista e senadora, Gleisi Hoffman, ao tratar da devastadora paulada do antes festejado quadro partidário, Palocci. Ela alegou que o ex-ministro estava a serviço da CIA, agência de investigações americana. Patético, para dizer o mínimo. Os petistas perderam o senso de ridículo. Apegam-se a qualquer lorota em busca da única tábua de salvação que enxergam: a candidatura presidencial de Lula como saída para livrá-lo do xilindró. Lula quer travestir-se de candidato e dessa maneira fugir da condição de investigado. Seria deveras inacreditável a situação de uma chapa a presidente encabeçada por um dos mais encalacrados malfeitores políticos de que se tem notícia, o “chefe da quadrilha”, como denominam procuradores federais. Imagine, caro leitor, o bizarro contexto desse personagem concorrendo, repleto de processos, condenações em vias de segunda instância, provas de corrupção em profusão (quatro discos rígidos referentes a pagamentos clandestinos na Suécia em seu nome também acabam de ser entregues à PF) e novas falácias em campanha? Mais grave: na eventualidade de sair vencedor das urnas, Lula teria de apresentar-se ao Planalto com a sua ficha corrida que, entre outras razões a impedi-lo de tomar posse, esbarra diretamente na Constituição. Em um dos artigos está prevista a proibição a qualquer brasileiro de assumir a presidência da República tendo pendências com a Justiça. Surrealismo além da conta. É aconselhável acreditar no bom senso dos senhores magistrados para evitar tamanha patacoada. Lula, pela ordem natural das coisas, já está fora da corrida a Brasília – a não ser que escolha a Papuda. O próprio partido estuda alternativas. Quanto ao faroleiro-mor dos contos da carochinha, nada mais restará que o cumprimento de penas por tantos desvios que colecionou.

 


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