O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira, 12, que a população precisa ir até as casas de deputados e senadores para pressionar o governo do presidente Michel Temer. Lula participa da abertura do 33º congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

“É preciso aprender a fazer pressão no deputado e no senador na porta da casa dele. É preciso cobrar o deputado onde ele tem medo de perder voto, não é aqui no Congresso. Aqui vocês apanham do lado de fora e eles nem percebem o que aconteceu, e no dia seguinte ainda chamam vocês de baderneiros”, afirmou o petista. Ele disse que seria “mais barato” para as os grupos sociais direcionar os protestos nas cidades dos parlamentares.

Durante o discurso, Lula fez um mea culpa sobre a sua gestão, dizendo que não “fez tudo o que era necessário”, mas que tem a consciência de que “ninguém nunca fez a quantidade do que a gestão petista fez pela educação”. Ele acusou o governo Temer de cortar investimentos no setor, o que vai gerar retrocessos. “Proibi no meu governo o uso da palavra ‘gasto’ para educação, só permiti a palavra ‘investimento'”, declarou.

Ele voltou a acusar Temer de ter cometido um golpe, mencionando o impeachment de Dilma Rousseff. “Não deram um golpe para fazer melhor do que nós, e sim para destruir o que fizemos. Estão destruindo o País que nós começamos a construir.”

Protesto

No início da fala de Lula, um grupo de aproximadamente 50 pessoas interrompeu o discurso do ex-presidente. Aos gritos de “Fora Temer, Fora Todos” e “Lula não nos representa”, os militantes da Central Sindical e Popular-Conlutas (CSP) viraram as costas quando Lula começou a falar. Foram hostilizados pela plateia e tiveram de se retirar do auditório onde ocorre o evento.

Este é o segundo pronunciamento de Lula este ano. Durante a sua fala, o petista sinalizou novamente pela sua candidatura. Ao deixar cair o óculos, afirmou que “o candidato não consegue segurar o óculos”.

Ontem, Lula defendeu o “direito de candidatura” à presidência durante o 29º Encontro Estadual do Movimento dos Sem Terra (MST), em Salvador. Ele voltou a afirmar que poderá disputar novamente o Palácio do Planalto.

“Se o (presidente Michel) Temer quer ser, ótimo, se o (ministro José) Serra quer ser, ótimo, se o (juiz Sérgio) Moro quer ser, ótimo, se os delegados (da Polícia Federal) querem ser… todo mudo que quer ser candidato tem direito, entre num partido e vá para as ruas”, afirmou.

O PT pretende lançar a candidatura de Lula a um terceiro mandato presidencial para, no máximo, até maio deste ano. A antecipação tem por objetivo aproveitar a baixa popularidade do governo Michel Temer e reforçar a defesa jurídica do ex-presidente, réu em cinco ações penais, duas delas diretamente no âmbito da Operação Lava Jato. Nenhum dos processos foi julgado até agora. Caso seja condenado em segunda instância, por órgão colegiado, Lula ficaria inelegível com base na Lei Ficha Limpa.