O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que a “palavra final” – termo sugerido pelo juiz Sérgio Moro – sobre indicações na Petrobras é da Presidência da República, em depoimento no âmbito de ação em que é réu acusado de receber propinas de R$ 3,7 milhões da OAS. Ao magistrado, Lula, no entanto, ponderou que as nomeações passavam por ministérios, que inclusive realizavam investigações sobre antecedentes dos pretendentes aos cargos. Os nomes, segundo o petista, eram sugeridos por partidos da base aliada no Congresso.

Durante o interrogatório desta quarta-feira (10), ao tratar sobre a parte da denúncia que diz respeito ao suposto “comando” dos esquemas na Petrobras por parte de Lula, Moro fez uma série de perguntas sobre o conhecimento que o petista tinha das indicações de diretores à Petrobras e a respeito dos crimes cometidos contra a estatal.

O ex-presidente negou ter conhecimento dos ilícitos e relação próxima com as indicações políticas na petrolífera. Ele atribuiu aos partidos políticos, bancadas partidárias, e aos ministros a função de indicar nomes, mas admitiu que tinha a “palavra final”, já que, se fosse o contrário, “não precisaria ter presidente”.

“Os diretores da Petrobras são indicados pelas bancadas e partidos, em acordo com os ministros da área. Isso vai para o gabinete institucional, que faz uma investigação para saber se as pessoas tem algum compromisso, são corruptas, ou se tem passagem pela polícia. O GSI comunica a Casa Civil, a Casa Civil passa pela Presidência e isso é enviado ao Conselho de Administração, no caso da Petrobras, para poder indicar as pessoas. E agora, o Ministério Público poderia fazer um pique para ver como o Temer montou o governo dele.”

O ex-presidente também negou ter relação direta com os diretores da Petrobras.

“A gente [os presidentes da República] não tem reunião com a diretoria da Petrobras. Eu fui em dois momentos: Para decidir que não ia fazer leilão do pré-sal e para discutir plano estratégico. Você não tem reunião específica com diretor.”