O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT-SP) chegou por volta das 13h45 desta quarta-feira (10) à sede da Justiça Federal em Curitiba, onde presta depoimento ao juiz federal Sérgio Moro pela primeira vez, como réu em uma ação penal em que é acusado de receber vantagens indevidas da construtora OAS. Marcada para ter início às 14h, a audiência é o primeiro encontro cara a cara entre Lula e o juiz da Lava Jato.

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O ex-presidente chegou de carro às imediações do prédio e desceu cerca de 50 metros antes do bloqueio feito pela Polícia Milita. Manifestantes favoráveis ao petista, que entoavam gritos em sua defesa. Lula andou entre seus apoiadores segurando uma bandeira do Brasil. Após passar pelo bloqueio, Lula acenou para os manifestantes e entrou em outro carro para ser conduzido até o local do interrogatório. Acompanhavam o ex-presidente os senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ). O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o aguardava na sede da Justiça Federal.

O ex-presidente aterrissou na capital paranaense por volta das 10h20, após ter embarcado em um jatinho particular no Aeroporto de Congonhas, na capital paulista. À espera do depoimento, no qual ele deve apresentar sua defesa da acusação do Ministério Público Federal, ele passou a manhã com uma comitiva de 50 políticos, entre senadores e deputados. Toda a Executiva Nacional do PT foi deslocada para a cidade.

A ex-presidente Dilma Rousseff viajou de Porto Alegre em um voo comercial para acompanhar seu padrinho político, e aterrissou por volta das 10h30. Ela não passou pela ponte de embarque, como os demais passageiros, mas desceu na pista do aeroporto poucos minutos após o pouso e foi levada por um carro até o hangar Lula a esperava. Dali, seguiu para o Hotel Pestana, no centro de Curitiba, com outros políticos do séquito petista.

Réu. Nesta ação, o ex-presidente é acusado de ser beneficiado pela construtora OAS por meio das reformas de um apartamento triplex em Guarujá. Lula ainda é réu em outros quatro processos.

A audiência com o juiz da Lava Jato está marcada para as 14h. Até a manhã de quarta, o ex-presidente aguardava uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre um pedido de adiamento feito por sua defesa. Um ministro do STJ já negou o adiamento da audiência.

Os advogados reclamam que receberam, na semana passada, mais de 100 mil páginas de documentos da Petrobras referentes a contratos com a OAS. Eles pedem mais 90 dias para analisar os autos. Na terça-feira (9), os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, já haviam negado o pedido de adiamento.

Os desembargadores do TRF-4 entenderam que os arquivos são novos para todas as partes — não só para a defesa de Lula, mas também para a acusação e para o juiz —, e que as perguntas na audiência devem se concentrar nas informações que já estavam documentadas no processo anteriormente.

O ex-presidente Lula chega ao aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, para seu depoimento como réu na Lava Jato
O ex-presidente Lula chega ao aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, para seu depoimento como réu na Lava Jato (Crédito:AFP PHOTO / Heuler Andrey)

Manifestações. Na noite de terça, o ministro Raul Araújo do STJ negou um pedido que queria a permissão para manifestações em todos os espaços públicos de Curitiba, feito pela Defensoria Pública do Paraná.

Algumas áreas de capital paranaense nas imediações do prédio da Justiça Federal ficarão bloqueadas até as 23h desta quarta. A 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba também proibiu a montagem de acampamentos em ruas e praças da cidade.

São esperadas manifestações contra e a favor do ex-presidente Lula.