Em meio à maior crise política do governo Michel Temer com a delação de executivos do grupo JBS, as principais lideranças e interlocutores do presidente no Legislativo se calaram. Até o momento, nenhum dos líderes do governo na Câmara, no Senado ou Congresso Nacional saíram em defesa de Temer, acusado de receber propina e dar aval para compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), não fizeram nenhum discurso em plenário defendendo Temer. Também não deram entrevistas e nem atenderam à imprensa por telefone ou por mensagem, quando procurados para falarem sobre a delação premiada de executivos da JBS. Evitam até mesmo circular pelo Congresso.

A única vez que Jucá falou foi na quarta-feira, 17, logo após a divulgação da primeira denúncia contra Temer. Defendeu que era “prematuro” comentar o assunto e que era preciso investigar. “Não dá para comentar algo que a gente não sabe o que é, no escuro”, disse. Líderes do PMDB, PSDB e DEM, principais partidos aliados, também se calaram ou, quando falaram, adotaram discurso de cautela. De que é preciso esperar a apuração das denúncias antes de tomarem qualquer decisão.

Vice

A defesa de Temer até o momento foi feita por poucos vice-líderes. O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) foi o único dos 14 vice-líderes do governo na Câmara a defender publicamente o governo Michel Temer. “O áudio foi tranquilizador para a maioria das lideranças que estavam preocupadas, então o caminho é de recuperação. A base não foi destruída”, disse Perondi nesta sexta-feira, um dia após a divulgação da gravação de Temer feita pela JBS.

No PMDB, o líder do partido na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), se calou. O parlamentar paulista é considerado o deputado mais próximo do presidente da República no Congresso Nacional. A defesa mais enfática até agora foi feita pelo deputado Carlos Marun (MS), vice-líder do PMDB na Casa. O peemedebista é o mesmo que seguiu como aliado fiel de Eduardo Cunha até a cassação do político fluminense.

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‘Pé atrás’

Em discurso no plenário nessa quinta-feira, antes da divulgação da delação da JBS, Marun disse que o empresário Joesley Batista, dono da JBS, tornou-se milionário durante os governos do PT e que, por isso, tinha “um pé atras” em relação a denúncia. “Em nenhum momento o presidente Temer lhe pediu qualquer favor ou ajuda para qualquer que seja”, declarou o peemedebista, que foi presidente da comissão especial que aprovou a reforma da Previdência na Câmara.

No discurso, Marun falou em crise “superdimensionada” e que o governo Temer teve a coragem para propor medidas de recuperação da economia. “Penso que o Brasil mereceria e merece ver concluído o corajoso mandato do senhor presidente Michel Temer”.


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