A libertação de um ex-congressista em poder do ELN na Colômbia, condição imposta pelo governo de Bogotá para instalar na quinta-feira diálogos de paz com esta guerrilha, “está a caminho”, afirmou nesta terça-feira um porta-voz da Igreja Católica vinculado às negociações.

“Perguntei a uma fonte autorizada como estava o caso do senhor Sánchez e me disseram que há há pessoas delegadas do ELN para fazer a entrega, se está fazendo todo o protocolo e o procedimento está a caminho”, disse o monsenhor Darío de Jesús Monsalve, arcebispo de Cali.

“A operação está caminhando e tomara se apressem em entregá-lo antes do 27 [de outubro], nestas 48 horas”, acrescentou, em declarações à rádio Caracol, sobre a libertação do ex-congressista Odín Sánchez, em poder da guerrilha desde abril.

O governo colombiano e o Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciaram há duas semanas a instalação, em 27 de outubro, no Equador, de uma mesa formal de negociações para por um fim a meio século de conflito armado após aproximações sigilosas desde janeiro de 2014.

Mas o início das negociações, desde sempre vinculado pelo presidente Juan Manuel Santos à libertação de todos os reféns do ELN, foi obstruído na segunda-feira, quando o chefe das negociações da parte do governo, Juan Camilo Restrepo, advertiu que os diálogos “não começam” se Sánchez não for devolvido “são e salvo” antes da quinta-feira.

Odín Sánchez, ex-deputado do governista Partido de la U, entregou-se há seis meses ao ELN no lugar do irmão, Patrocinio Sánchez, ex-governador do departamento (estado) do Chocó (2008-10) e ex-prefeito da capital, Quibdó (2001-03), que adoeceu após quase três anos de cativeiro, segundo relatou o próprio libertado e ratificou a Justiça.

A etapa pública dos diálogos com o ELN, anunciada inicialmente em março, esteve em suspenso, condicionada à entrega de todos os reféns, um requisito imposto por Santos às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), principal guerrilha do país, para dar início aos diálogos de paz em Cuba em 2012.

Por enquanto desconhece-se o número exato de reféns no poder do ELN, que pegou em armas em 1964 e, segundo cifras oficiais, conta com 1.500 combatentes.

A Colômbia vive um conflito armado que confrontou por mais de 50 anos guerrilhas, paramilitares e agentes da força pública, deixando 260.000 mortos, 45.000 desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.