“Não fazia mais sentido morar em Massachusetts.” Kim Gordon está de volta às raízes, ao sol californiano e à vida no asfalto. Desde agosto do ano passado, a ex-Sonic Youth deixou a casa onde morava na cidade de Northampton, em Massachusetts. Ali, dividiu os anos com o ex-marido Thurston Moore e a filha do casal, Coco. Com o fim do casamento, em 2011, veio o esfacelamento da banda que transformou Kim na dama do rock alternativo. Quando Coco deixou a casa que dividia com a mãe para a faculdade – como de costume nos Estados Unidos -, Kim se viu sozinha em uma casa de mais de 500 m², nove quartos e seis banheiros. “Morar em Nova York também não me parecia uma boa ideia. Lá é tudo muito caro. Los Angeles me pareceu ser uma boa ideia.”

Nascida em Rochester, no Rstado de Nova York, Kim foi criada em Los Angeles. Filha de um professor da Universidade de Los Angeles (famosa pela sigla UCLA), ela se construiu artisticamente na cidade antes de se mudar para Nova York, onde se fascinou pelo movimento de rock autodenominado no wave (ou “sem onda”, em tradução literal, numa resposta à brilhosa new wave que coloria o início dos anos 1980) e fundou o Sonic Youth, como baixista e vocalista, ao lado dos guitarristas Moore e Lee Ranaldo – Steve Shelley entrou para comandar as baquetas em 1985.

Há dois anos, Kim Gordon decidiu passar a sua vida até ali a limpo. Escreveu o livro A Garota da Banda, uma autobiografia na qual detalhava grandes momentos ao lado do Sonic Youth até o fim da banda, com um melancólico show realizado em Paulínia, no interior de São Paulo. A banda foi uma das atrações da segunda edição do festival SWU realizada em 2011 e, debaixo de uma garoa insistente, deixou de existir. “Sabíamos que seria o último show da banda, de uma forma ou de outra”, ela relembra. “Aquilo tudo foi algo pesado para ter que carregar. Despedir da banda, dos fãs, das pessoas que trabalhavam a tanto tempo conosco.”

Agora, ex-garota da banda, Kim está mais livre do que nunca. Desde 2012, ela mantém o projeto Body/Head, um duo experimental no qual ela divide as guitarras com Bill Nace, e canta com vocais espaçados questões ligadas à sexualidade e busca por identidade. É com esse projeto – que não é o único dela atualmente -, que Kim Gordon volta ao Brasil pela primeira vez desde aquela despedida melancólica do Sonic Youth. O Body/Head se apresenta em duas noites seguidas no Sesc Pinheiros, nesta sexta e sábado, dias 21 e 22, às 21h.

A banda representa uma parte da nova fase da vida da multi-instrumentista, iniciada após o lançamento da biografia. Aos 63 anos, Kim tem sua vida já documentada em um livro, mesmo que ainda exista muito tempo para se viver. “Jamais imaginava escrever aquele livro”, ela conta. “Mas foi bom. Precisava passar minha vida a limpo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.