O secretário de estado dos Estados Unidos, John Kerry, pediu na sexta-feira aos signatários de um pacto internacional sobre a camada de ozônio que apoiem a eliminação progressiva de hidrofluorcarbonetos (HFC) – gases do efeito estufa milhares de vezes mais potentes que o dióxido de carbono (CO2).

“A mudança climática está acontecendo – e está acontecendo mais rápido do que a maioria de nós pensávamos”, disse Kerry.

“Semana após semana, mês após mês, ano após ano, continuamos a ver novas provas, evidências tangíveis, do perigo que a mudança climática representa para o nosso planeta. O ano passado foi o mais quente já registrado na história, (…) mas 2016 está caminhando para ser ainda mais quente”, acrescentou.

As declarações foram feitas em uma conferência em Viena que reuniu cerca de 200 signatários do Protocolo de Montreal de 1987.

De acordo com o Protocolo, implementado por 196 nações e a União Europeia, todos os membros das Nações Unidas se comprometem a eliminar os produtos químicos que destroem a camada de ozônio conhecidos como clorofluorcarbonetos (CFC), que já foram amplamente utilizados em aerossóis, solventes e para refrigeração.

O tratado conseguiu cortar essas substâncias e ajudar na recuperação do ozônio, mas desde então passou a enfrentar um novo desafio, que surgiu com os HFC.

Os HFC, gases sintéticos usados para refrigeração (em geladeiras, por exemplo), passaram a ser utilizados em maior escala pela indústria em substituição aos CFC, após estes serem banidos pelo Protocolo.

Embora não afetem a camada de ozônio, como os CFC, os HFC têm um forte impacto no efeito estufa, contribuindo para o aquecimento global.

Desse modo, as nações concordaram em discutir uma emenda ao Protocolo para incluir a eliminação progressiva dos HFC.

A conferência de Viena foi a última reunião antes de um acordo final que deverá ser alcançado em outubro, em Ruanda.

“Os HFC (…) são motores excepcionalmente potentes da mudança climática – milhares de vezes mais potentes, por exemplo, do que o CO2”, disse Kerry.

“A alteração do Protocolo de Montreal para reduzir os HFC é um dos passos mais importantes que o mundo poderia dar neste momento para evitar os piores impactos da mudança climática”, completou.

O secretário de Estado disse que a iniciativa pode ajudar a evitar um aumento da temperatura global de 0,5 graus Celsius até o final do século.

Nos termos do acordo climático internacional alcançado em Paris no ano passado, 177 governos definiram a meta de limitar o aquecimento global “bem abaixo” de dois graus Celsius, em comparação com os níveis pré-industriais.