Agentes de inteligência realizaram nesta quarta-feira uma batida na casa da ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega, após o Ministério Público pedir a prisão de seu marido, o deputado dissidente do chavismo Germán Ferrer, acusado de extorsão.

“Neste momento o Sebin está na minha casa como parte da vingança deste governo por minha luta contra o totalitarismo”, escreveu Ortega no Twitter.

Ortega, que não precisou se ela e o marido estavam na residência, no norte de Caracas, acusou o presidente Nicolás Maduro e o líder chavista Diosdado Cabello de pretender acabar com sua “luta pela democracia e a liberdade dos venezuelanos”.

O Ministério Público venezuelano pediu a prisão de Ferrer por integrar uma rede de extorsão de suspeitos de corrupção.

“Deve ser privado da liberdade em custódia um sua residência”, disse nesta quarta-feira o procurador-geral, o chavista Tarek William Saab, ao anunciar a medida contra o legislador Germán Ferrer.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) – acusado de servir ao governo – é o encarregado de liberar a ordem de prisão para que Ferrer “seja privado de liberdade enquanto se inicia o processo de quebra de imunidade” como deputado, acrescentou.

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Saab disse em entrevista que pedirá à Assembleia Constituinte, que rege o país com poderes absolutos, que inicie um processo para retirar o foro parlamentar do marido da ex-procuradora.

Ortega não é mencionada na denuncia, mas “é muito difícil que não saiba nada” sobre as acusações que recaem sobre seu marido, afirmou o constituinte e líder governista Diosdado Cabello, que apresentou o pedido.

Cabello compareceu nesta quarta-feira ao escritório do procurador para entregar as “provas” em nome do órgão que reescreve a Constituição, enquanto também toma medidas de aplicação imediata.

Em sua primeira decisão, no dia 5 de agosto, a Constituinte destituiu Ortega, uma chavista que rompeu com Maduro no início de abril depois de denunciar uma ruptura da ordem constitucional.

Nos últimos anos, ex-procuradora, chavista declarada, fez denúncias contra o governo, acusando Maduro de ter “ambições ditatoriais”, e com processos contra vários funcionários por suposta corrupção e violação de direitos humanos.

Ferrer, por sua vez, se afastou do governo, formando uma pequena bancada no Parlamento, de maioria opositora.

Segundo a denúncia, o deputado e funcionários da Procuradoria integravam uma rede que extorquia empresários do petróleo supostamente envolvidos em casos de corrupção.

Pediam até 600.000 dólares para que não fossem processados, disse Cabello, que garantiu que a denúncia “não tem nada a ver” com a postura política da ex-procuradora e seu marido.

O dirigente pediu a ordem de prisão contra o parlamentar, assim como a proibição de sua saída do país e congelamento de suas contas e bens.

Cabello acusou Ferrer de ter aberto em abril de 2016, junto com o procurador Pedro Lupera, uma conta bancária por um milhão de dólares nas Bahamas, produto supostamente do ilícito.

Saab mostrou à imprensa documentos bancários, segundo ele originais e assinados pelo legislador, que demostrariam a titularidade da conta. O procurador pediu a prisão de Lupera, de outro procurador e de uma mulher que supostamente trabalha no escritório de Ortega.



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