Os juros futuros fecharam a quinta-feira, 23, com viés de alta, perto dos ajustes anteriores, com o mercado computando receios em relação ao cenário fiscal, o avanço do dólar e do rendimento dos Treasuries, e o leilão de papéis prefixados. O movimento foi mais forte no período da manhã. Passada a operação do Tesouro, à tarde a alta perdeu força e as taxas renovaram as mínimas, a despeito da moeda norte-americana ter permanecido com ganho firme ante o real. Também na etapa vespertina, o yield da T-Note de dez anos desacelerou para a faixa de 2,40%, após ter batido mais cedo nos 2,43%.

Ao final da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 (161.485 contratos) fechou em 9,970%, de 9,955% no ajuste de quarta. A taxa do DI janeiro de 2019 (254.665 contratos) encerrou em 9,56%, de 9,53% no ajuste anterior. O DI janeiro de 2021 (241.560 contratos) terminou com taxa de 10,02%, de 9,99%.

Além da concessão feita pelo governo na proposta da reforma da Previdência, de excluir servidores municipais e estaduais, pesou sobre os negócios o fato de o governo não ter anunciado na quarta como fará para cobrir o rombo de R$ 58,2 bilhões no Orçamento este ano, como o valor do contingenciamento e/ou aumento de impostos.

Com isso, o mercado, que nos últimos meses vinha bastante otimista sobre a aprovação do ajuste fiscais, seguiu corrigindo um pouco mais suas expectativas. “A indefinição sobre o contingenciamento continua. Sabe-se que vai ser anunciado para fazer frente ao déficit, mas não como será feito, se haverá aumento de impostos”, disse o diretor da Mapfre Investimentos, Carlos Eduardo Eichhorn. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, considerou na quarta “grande” a possibilidade de haver aumento de impostos.

Ainda, segundo ele, permanece “o receio com a decisão de tirar boa parte dos servidores da reforma da Previdência que, ao que parece, será menos profunda e ampla”. “Esse risco para efetividade das reformas deixou o mercado desconfiado”, disse.

Dados do consultor legislativo do Senado e especialista em Previdência, Pedro Fernando Nery, apontam que cerca de 86% dos servidores públicos em atividade no País já estão fora do alcance da reforma depois que o presidente Michel Temer cedeu às pressões e retirou da proposta o funcionalismo público dos Estados e municípios.

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