Rio de Janeiro - Ministro da Defesa, Raul Jungmann, participa da primeira reunião do Estado-Maior Conjunto para operações integradas de segurança no Rio de Janeiro, no Comando Militar do Leste (Fernando Frazão/Agê

Ministro da Defesa, Raul Jungmann, participa da primeira reunião do Estado-Maior Conjunto para operações integradas de segurança no Rio de JaneiroFernando Frazão/Agência Brasil

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse hoje (27) que as ações do Plano Nacional de Segurança no Rio de Janeiro serão focadas em três pilares: integração, inteligência e surpresa. Ele afirmou que será feito um “trabalho duro” envolvendo diversos órgãos para amenizar o quadro de insegurança e pediu o apoio da sociedade, mas destacou que não se deve esperar por “milagres”.

Na avaliação do ministro, apesar de o problema da segurança não ser uma exclusividade do Rio de Janeiro, a situação é mais grave no estado. “Não esperem milagres e nem resultados imediatos. Eles virão com um trabalho duro, muitas vezes de formiguinha, às vezes de grande impacto. Não esperem porque, para chegarmos nesta situação que estamos hoje, demorou décadas e isso não vai mudar do dia para a noite”, disse o ministro pouco antes de reunião do Estado-Maior Conjunto, que incluiu integrantes das forças de segurança estado do Rio, na sede do Comando Militar do Leste.

O ministro aproveitou para pedir apoio da sociedade ao plano. Ele alertou para possíveis reações das facções criminosas, que serão atingidas com a identificação, obstrução e destruição das rotas e da localização dos arsenais do tráfico.

“É preciso ter em conta que dado o avanço e o ponto em que chegou a criminalidade do Rio de Janeiro, sim, vamos ter reações. É muito importante que a sociedade entenda que é preciso enfrentá-los”, indicou.

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Ele disse esperar que a participação da sociedade se dê também em nível político. “Que os representantes políticos do Rio de Janeiro relevem os seus projetos pessoais e até a sua indiferença, mas assegurem o combate o crime”.

Jungmann sugeriu a formação de uma força-tarefa no estado com a participação dos ministérios públicos federal e estadual e defendeu a redução do tempo para a liberação de mandados de busca e apreensão. “Embora entendamos a dificuldade do Judiciário não podemos esperar 15 dias por mandado de busca e apreensão. Não é possível”, apontou.

Fator surpresa e inteligência

Sobre o chamado fator surpresa, Jungmann afirmou que não haverá anúncios prévios sobre os efetivos e territórios onde serão realizadas as operações, nem mesmo a duração e os custos das ações para surpreender os criminosos. “Nos interessa, nessa lógica, alcançar e golpear o crime para reduzir a sua capacidade operacional”, disse. No fim de semana, o ministro já tinha adiantado o uso desta estratégia para combater o crime.

Jungmann destacou ainda a importância dos serviços de inteligência e coleta de informações e acrescentou a preocupação em reforçar a integração entre os efetivos e órgãos envolvidos no plano.

“Na integração nós trocamos informações, atuamos conjuntamente e dessa forma ampliamos a sinergia e a nossa capacidade de alcançar e golpear o crime organizado. Este será um trabalho, a exemplo da Olimpíada, integrado com o Centro de Comando e Controle e participação de todas as forças: Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Marinha, Exército e Aeronáutica”, apontou.

Forças Armadas

Segundo Jungmann, as medidas de segurança vão contar com ações sociais que serão realizadas pelo Ministério de Desenvolvimento Social em diferentes localidades. O ministro afirmou que não haverá a presença ostensiva das Forças Armadas ocupando as ruas, diferente do que ocorreu em outros momentos na cidade. “Pelo menos em princípio, [não haverá] as ações clássicas de ocupação de morros e comunidades. Não será isso”.

A aplicação do plano no Rio irá até o fim de 2018. A ideia é evitar um retrocesso na segurança quando as medidas terminarem. O ministro lembrou que a permanência militar no conjunto de favelas da Maré, onde foram aplicados R$ 400 milhões, durou um ano e meio e não foi alcançado o efeito esperado.

“As forças fizeram um grande trabalho, mas ao final, quando se retiraram, a situação voltou inclusive porque toda a infraestrutura social que foi prometida não foi entregue. Então, o que nós vimos, foi algo que custou R$ 400 milhões, a um custo altíssimo e um esforço muito grande das Forças Armadas, mas que ao final não resultou naquilo que nós queríamos que acontecesse”, apontou.



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