O ministro japonês encarregado da Reconstrução após os desastres no país deverá se demitir nesta quarta-feira após suas polêmicas observações sobre o terremoto e o tsunami de 2011, em um revés para o primeiro-ministro, Shinzo Abe, informou a imprensa local.

Masahiro Imamura planeja enviar sua demissão para Abe na quarta-feira pela manhã, segundo a emissora nacional NHK nesta terça-feira, acrescentando que Abe já decidiu que irá nomear como sucessor Masayoshi Yoshino, um veterano político de seu partido.

Imamura ficou em uma situação difícil depois de dizer em uma reunião nesta terça-feira que era “uma coisa boa” o desastre de 2011 ter ocorrido no nordeste do Japão.

“Se isso tivesse acontecido mais perto da capital, teria havido um enorme dano”, disse Imamura, que posteriormente voltou atrás nas observações.

Em 11 de março de 2011, um grande terremoto abaixo do oceano gerou um tsunami que atingiu a costa nordeste, deixando mais de 18.500 mortos e desaparecidas, e fundindo três reatores na usina nuclear de Fukushima.

Abe, que estava participando da mesma reunião, pediu desculpas “como primeiro-ministro” pelos “comentários [de Imamura] extremamente inapropriados que ferem as pessoas [que vivem na parte] nordeste.”

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A mais recente gafe de Imamura foi muito criticada pela oposição e o Partido Democrático exigiu sua renúncia imediata.

No início deste mês, Imamura também sofreu críticas depois de dizer que as pessoas que não retornaram a áreas de Fukushima reconhecidas pelo governo como seguras para viver são “responsáveis por elas mesmas”.

Depois, expulsou o jornalista cuja pergunta levou a esta fala em uma coletiva, gritando: “sai daqui”.

O índice de aprovação de Abe caiu de forma acentuada, já que os escândalos têm minado a confiança do povo no quinto ano de seu governo.

Ele assumiu o poder em dezembro de 2012 por conta de frustração generalizada com a administração anterior e a forma de conduzir o desastre nuclear de 2011, além de uma má gestão na relação com seu principal aliado, os Estados Unidos.

Abe prometeu reavivar a terceira maior economia do mundo ao acabar com anos de deflação e prosseguir com seu projeto de alterar a constituição pacifista pós-guerra do Japão, que a proíbe de usar a força, exceto no sentido mais estrito de defesa pessoal.

Recentemente, ele teve que negar conexões com um operador escolar nacionalista cuja compra de terras para construir uma escola primária com um grande desconto levantou alegações de transações obscuras.


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