A Itália se prepara, nesta segunda-feira (29) à noite, para um novo dia de luto nacional com a realização de cerimônias fúnebres, enquanto se avalia a condição das escolas afetadas antes do início do período letivo.

Assim como ocorreu no sábado com os funerais das vítimas da parte nordeste da montanha, na terça-feira (30), as bandeiras estarão a meio pau em toda a península. A cerimônia será celebrada às 18h locais (13h, horário de Brasília) em Amatrice, região mais afetada.

Previstos inicialmente para acontecer nessa cidade, sendo depois deslocados para a vizinha Rieti, os funerais ocorrerão em Amatrice diante dos raivosos protestos da população.

Assim como no sábado, espera-se a presença de membros do alto escalão do governo italiano na missa, que será conduzida pelo bispo de Rieti, monsenhor Domenico Pompili.

Em paralelo, os especialistas começaram hoje a analisar a viabilidade das escolas na região atingida pelo terremoto que deixou quase 300 mortos no centro da Itália, enquanto o governo busca soluções para realojar rapidamente os desabrigados.

“Devemos dar imediatamente àqueles que sobreviveram a esta tragédia um sinal de esperança e de retorno à normalidade” e a volta à escola, em meados de setembro na Itália, deve ser “o primeiro sinal”, declarou a ministra da Educação, Stefania Giannini.

As autoridades italianas consideram que um dos meios de motivar as populações locais a ficar nas zonas atingidas é, justamente, que seus filhos possam continuar indo ao colégio normalmente na região.

Fazer rápido, mas bem

Detectar rapidamente as escolas que precisam ser restauradas, transferir os alunos dos centros destruídos, ou que estão em situação de risco, para outros que ficaram intactos, ou ainda, construir salas de aula pré-fabricadas são algumas das opções que o governo analisa.

Na quarta-feira, será realizada uma reunião na presença da ministra em Amatrice, a localidade mais atingida, com mais de 230 mortos, para coordenar um retorno às aulas o mais normal possível.

Mas, para que as crianças possam ir à escola, é preciso que suas famílias consigam continuar vivendo perto dos estabelecimentos de ensino durante os trabalhos de reconstrução.

Em paralelo ao enterro realizado em Ascoli Piceno (centro), no sábado, o prefeito da cidade, Guido Castelli, reiterou o compromisso do chefe de governo, Matteo Renzi, de dar respostas concretas aos atingidos.

Atualmente, 2.900 afetados recebem ajuda da Defesa Civil e, desses, 2.500 se abrigam em grandes barracas de campanha. Essa solução provisória não poderá ser usada por muito tempo, já que o frio chega rapidamente nessa região montanhosa.

“É justo que seja feito rápido, mas é ainda mais justo que seja feito bem e, sobretudo, que envolva as populações afetadas”, escreveu Matteo Renzi nesta segunda-feira em sua página do Facebook.

“O compromisso do governo é que esses lugares tão ricos, com um passado precioso, possam ter um futuro e, para fazer isso, será preciso que todos trabalhem juntos”, acrescentou o chefe de governo.

No domingo (28), Renzi se reuniu durante quatro horas com o famoso arquiteto italiano Renzo Piano, de 78 anos, prêmio Pritzker de arquitetura em 1998 e autor, junto com sua equipe, de mais de 120 projetos em vários continentes, para pedir uma assessoria sobre as obras de reconstrução após o terremoto.

“Doações”

Segundo a imprensa local, o governo espera que todos os afetados tenham abandonado as barracas em um mês e que todos contem com um alojamento estável em até cinco meses, antes do início – na primavera – dos trabalhos para reconstruir as casas em sua localização original.

Após o terremoto em Áquila, que deixou mais de 300 mortos em 2009, a 50 km de Amatrice, os acampamentos permaneceram de pé durante meses.

Sete anos depois do tremor, o centro histórico de Áquila ainda não foi completamente reconstruído, e os danos do terremoto continuam sendo visíveis. Há andaimes por toda parte, algumas ruas estão fechadas à circulação, e muitos edifícios foram abandonados.

Em meio à tragédia, a Polícia anunciou nesta segunda-feira a prisão de um casal que roubava na região devastada. Também foi detido um homem que havia colocado seu número de conta em uma lista de doações da Defesa Civil na Sicília.

O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, recebeu críticas indignadas nas redes sociais ao anunciar uma doação de US$ 500 mil à Cruz Vermelha italiana… na forma de créditos publicitários em sua própria plataforma.