David Bitan, chefe da coalizão parlamentar do governo israelense conservador, quer revogar a nacionalidade do diretor de uma ONG do país que defende os direitos humanos e que expressou diante da ONU sua oposição às colônias.

O deputado Bitan, membro do Likud, partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, declarou na sexta-feira a um canal de TV que “examinava a possibilidade legal” de revogar a nacionalidade israelense de Hagai El Ad, diretor da ONG B’Tselem.

Segundo analistas, a iniciativa do deputado tem poucas chances de se concretizar, pois a lei só revoga a nacionalidade em casos confirmados de “terrorismo, traição ou espionagem”.

Hagai El Ad participou no último fim de semana de uma reunião do Conselho de Segurança sobre as colônias.

Lá, El Ad denunciou 29 anos de “injustiças, ocupação da Palestina e o controle israelense de vidas palestinas em Gaza, na Cisjordânia e no leste de Jerusalém”.

Em uma mensagem no Facebook, Netanyahu considerou que a fala de El Ad era uma “ação contra Israel” e acusou a B’Tselem de querer obter, mediante “pressão internacional”, o que “fracassou em conquistar via eleição democrática em Israel”.

Já David Bitan considerou que o discurso de El Ad “é um flagrante abuso de confiança de um cidadão israelense contra o Estado e que deveria, por isso, procurar outra nacionalidade”.

Zehava Galon, líder do partido de esquerda Meretz – oposto à colonização -, destacou no Twitter que ainda que Bitan procure “obter benefícios políticos a partir da B’Tselem”, suas palavras eram “muito perigosas”.