A polícia turca deteve neste domingo o irmão do clérigo Fethullah Gülen, considerado pelo governo o responsável pelo golpe de Estado frustrado de 15 de julho contra o presidente Recep Tayyip Erdogan, anunciou a agência de notícias oficial Anadolu.

Kutbettin Gülen, acusado de ser “membro de uma organização armada terrorista”, foi detido na província de Izmir, na costa do Egeu, quando estava na casa de um parente, indicou a agência, segundo a qual a polícia entrou em ação após uma denúncia.

O irmão do pregador, que vive nos Estados Unidos, é o primeiro parente direto do clérigo detido como parte da investigação pelo golpe frustrado.

Kutbettin Gülen está sendo interrogado pela polícia antiterrorista, destacou a agência Anadolu.

Fethullah Gülen, que já foi aliado do presidente Erdogan, agora é seu inimigo número um. Desde 1999 vive em um exílio autoimposto nos Estados Unidos e o governo da Turquia pede sua extradição.

Em sua residência na Pensilvânia, o clérigo nega qualquer envolvimento na tentativa de golpe e rebate as acusações contra o seu movimento, Hizmet, uma rede educacional e humanitária, que promove um islã moderado.

Ancara identifica a organização com a sigla FETO e a considera uma rede “terrorista”.

A polícia turca já havia detido dois sobrinhos de Gülen, mas não se aproximara de sua família nuclear, que segundo a imprensa é composta por cinco irmãos: Seyfullah e Hasbi, já falecidos, Mesih, Salih e Kutbettin. Ele também tem duas irmãs, Nurhayat e Fazilet. O paradeiro de todos os irmãos é desconhecido.

Em julho, as autoridades anunciaram a detenção na cidade de Erzurum de Muhammet Sait Gülen, sobrinho do clérigo. A localidade é considerada um reduto dos simpatizantes do pregador.

Outro sobrinho, Ahmet Ramiz Gülen, foi detido em agosto na cidade de Gaziantep, sul do país.

– ‘Varrer os traidores’ –

O expurgo teve início no exército e se ampliou a quase todos os setores da sociedade e da economia, o que gerou preocupação na comunidade internacional com a magnitude da repressão.

Quase 32.000 pessoas foram detidas na Turquia após o golpe de Estado frustrado, de acordo com números divulgados durante a semana pelo ministério da Justiça.

A Turquia iniciou um gigantesco expurgo um dia depois do golpe abortado, para eliminar das instituições os supostos simpatizantes de Gülen. As detenções começaram no exército e na polícia, mas depois afetaram as universidades, escolas, a magistratura, entidades esportivas e o mundo empresarial.

Em um discurso para jovens ativistas, o primeiro-ministro Binali Yildirim prometeu que a política de linha dura vai prosseguir até que a influência de Gülen seja erradicada de todos os segmentos.

“Agora é o momento de varrê-los de todas as estruturas. Vamos varrer os traidores de todos os lados, do Estado, das empresas e da política”, disse.

“Aqui, ninguém vai se fazer de vítima”, completou, antes de afirmar que o governo não está atuando em vingança, e sim com senso de justiça.

O governo turco descartou a possibilidade de um segundo golpe, mas Yildirim aproveitou o discurso para fazer uma advertência: “Não pode existir autocomplacência, precisamos estar preparados paro que for, dia e noite”.