O Irã convocou o embaixador britânico, neste sábado (10), para denunciar uma “interferência” da primeira-ministra Theresa May, que disse aos países do Golfo que Londres vai ajudá-los a conter a influência do Irã na região.

Um veterano diplomata iraniano disse a Nicholas Hopton que “os comentários irresponsáveis, provocativos e divisivos de Theresa May na cúpula [do Golfo] eram inaceitáveis” e que o governo iraniano os “rejeita”, informou o porta-voz do ministro das Relações Exteriores, Bahram Ghasemi, citado pela televisão pública no “site” institucional.

“Esperamos que comentários tão inaceitáveis não se repitam”, acrescentou.

No âmbito de uma cúpula dos seis países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) no Bahrein, May reiterou, na última quarta-feira (7), o apoio da Grã-Bretanha a seus aliados tradicionais na região, garantindo que seu país ajudaria a “repelir as ações agressivas regionais do Irã”.

A relação entre as principais monarquias sunitas do Golfo Pérsico e o Irã, xiita, são tensas. Além disso, mantêm posturas opostas em diferentes temas, como as guerras do Iêmen e na Síria.

Em um comunicado conjunto, os países do CCG e a Grã-Bretanha acertaram uma “associação estratégica” e afirmaram que se “opõem e trabalharão juntos para repelir as atividades desestabilizadoras do Irã”.

Irã e Grã-Bretanha reabriram suas respectivas embaixadas em 2015, após a assinatura do acordo sobre o programa nuclear do Irã entre esse país e as grandes potências. Ambos os países nomearam embaixadores em setembro, pela primeira vez desde 2011.

Ghasemi disse que as declarações de May na cúpula do CCG vão no sentido contrário do desenvolvimento normal das relações e “prejudicam os laços mútuos”.

O porta-voz acrescentou que, enquanto as políticas regionais do Irã se baseiam na paz e na segurança, “é infeliz e surpreendente que os funcionários britânicos e a primeira-ministra não tenham conseguido destacar que alguns países da região realizam uma política clara de apoio ao terrorismo”.