Ao menos 10.000 menores vítimas de abuso sexual foram identificados e resgatados, graças à Base de Dados Internacional da Interpol sobre Exploração Sexual de Crianças (ICSE), criada há menos de sete anos – informou a organização, nesta segunda-feira (9).

Com essa base de dados mundial, os investigadores analisam milhões de imagens detectadas em computadores de suspeitos, ou divulgadas na Internet.

Complexos programas de comparação de imagens e de vídeos permitem estabelecer relações entre as vítimas, os autores dos crimes e os lugares dos fatos.

“A frequência desses delitos é alarmante, e não ajuda que essas imagens possam ser trocadas on-line no mundo todo apenas apertando um botão, e possam ficar gravadas para sempre”, declarou o secretário-geral da organização, Juergen Stock.

“Cada vez que se visualiza, ou se compartilha uma sequência de vídeo, a criança volta a ser vítima do crime”, advertiu.

Analisando o conteúdo digital, visual e de áudio dos vídeos e as fotografias, os especialistas em identificação de vítimas podem coletar pistas, detectar qualquer duplicação que aconteça entre vários casos e unir seus esforços para localizar as vítimas.

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Os serviços de Polícia de 49 dos 190 países-membros da Interpol estão conectados de forma permanente a essa base de dados.

Em junho de 2015, um homem na faixa dos 40 anos foi detido na cidade de Ariège, no sul da França, depois de ter difundido na rede fotografias pornográficas de sua sobrinha de 10 anos.

A investigação que terminaria com sua detenção começou do outro lado do planeta, na Nova Zelândia, quando a Polícia desse país detectou as imagens em um fórum.

No mesmo dia, os serviços de segurança franceses conseguiram estabelecer que o material procedia de Ariège, depois de detectarem, no fundo das imagens, um uniforme de bombeiro desse município.

“É uma grande satisfação para nós ter ajudado as forças da ordem de todo o mundo a identificar e resgatar 10.000 crianças vítimas de crimes sexuais, mas isso é apenas a ponta do iceberg”, afirmou Stock.

“Ainda é possível fazer mais”, acrescentou, pedindo a governos e a atores dos setores público e privado que trabalhem com mais empenho para perseguir esses criminosos.

O tráfico de pornografia infantil, que existe desde muito antes da Internet, disparou de forma exponencial nos anos 1990 com a expansão da rede virtual, segundo uma investigadora francesa da Interpol, que pediu para não ser identificada.

“Em mais de 95% dos casos, o agressor pertence ao entorno da vítima”, disse essa especialista.

“Às vezes, vemos as crianças que vão crescendo nas imagens, sem conseguir encontrá-los. Mas, às vezes, nós os detectamos em menos de 24 horas”, explicou.


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