CAUSA Andrea Neves quis que sindicalistas fossem ouvidos
CAUSA Andrea Neves quis que sindicalistas fossem ouvidos (Crédito:: Daniel Teobaldo/Futura Press/Folhapress)

Andrea Neves, irmã de Aécio Neves, que está presa preventivamente em Minas Gerais, teve uma ligação telefônica com o irmão interceptada pela Polícia Federal. O diálogo deixaria muito esquerdista com inveja. Ela pedia para que o senador intercedesse e ajudasse os sindicalistas no âmbito da reforma trabalhista.

Andrea mostrou-se preocupada porque, segundo ouviu da categoria em reunião, eles não estavam conseguindo sequer ser recebidos no Congresso Nacional para participar das discussões. E calculou os riscos políticos. No dia 19 de abril, às 15h41, ela disse: “Todo mundo indignado como o PSDB está conduzindo a reforma trabalhista”. Ela queria que Aécio viabilizasse um encontro em Brasília, considerando que o relator do tema na Câmara é o deputado tucano Rogério Marinho, do Rio Grande do Norte.

Desatino

“Sem debater, sem audiência pública. Se é verdade o que estão colocando, é um desatino. É o fim dos sindicatos. O relatório tem erros profundos. É a marca do PSDB que está ficando no movimento sindical”, reclamou Andrea. Aécio pede para mandar as propostas por escrito, informação usada pela PF para saber o e-mail que deveria ser grampeado.

Não dá

O senador disse que falaria com Marinho na segunda-feira (24 de abril) para ver o que era possível fazer. “Vou tentar uma última conversa com o relator para saber quais são as prioridades absolutas dele”, avisou à irmã, de acordo com o grampo. A reforma passou sem o imposto sindical e hoje está nas mãos de Ricardo Ferraço (ES), no Senado.

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Saindo do forno

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Heuler Andrey

O ex-ministro de governos petistas Antonio Palocci deve entregar os anexos com o cardápio de sua delação premiada ainda nessa semana. É o que apostam os investigadores que negociam com ele acordo de colaboração. Ele prometeu narrar o repasse na casa dos R$ 150 de milhões para campanhas do PT e também para o partido. Além disso, já se comprometeu a entregar empresas e instituições financeiras.

Rápidas

* A pergunta que não quer calar: caso o TSE casse a chapa Dilma/Temer, exigindo a saída, irá a defesa da petista recorrer, ajudando seu desafeto político? Ainda não decidiram mas acham importante levar a discussão ao STF.

* O ex-chefe da cooperação internacional no Minstério da Justiça  vai comandar a Polícia Federal no Rio Grande do Sul. O delegado Ricardo Saadi, especializado em crimes financeiros, toma posse na sexta 2. Ele é doutor em Direito Político e Econômico.

* O Conselho Nacional de Arquivos do Ministério da Justiça pediu ao Senado que jogue na lixeira o projeto de lei que trata da política para o setor. O PLS 146/2007 pretende eliminar documentos em papel que tenham sido digitalizados.

* Na avaliação da instituição existe erro em entender que a digitalização é “alternativa viável de preservação”,  conforme diz nota do Conarq enviada ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), na segunda-feira 15.

Retrato falado

“Um Direito ineficiente em relação ao colarinho branco criou um País de ricos delinquentes”
“Um Direito ineficiente em relação ao colarinho branco criou um País de ricos delinquentes” (Crédito:Divulgação)

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso fez uma palestra na London School of Economics, em Londres, em que tratou do momento institucional do País. “O processo civilizatório existe para potencializar o bem e reprimir o mal. O sistema político brasileiro faz exatamente o contrário”, criticou. Lembrou que a ditadura, a inflação e a pobreza extrema pareciam instransponíveis e não são. Portanto, também “a corrupção e a mediocridade não são invencíveis”.

Do mundo ao mundo

Nos últimos dez anos, as exportações de empresas multinacionais brasileiras cresceram 16,6%. No mesmo período, as vendas ao exterior da indústria de transformação em geral aumentaram em menor velocidade, atingindo os 6,78%, segundo dados compilados pela Confederação Nacional da Indústria.


A CNI avalia que, se o Brasil deseja realmente estimular as exportações, precisa ter políticas para internacionalizar as empresas de forma produtiva. No momento, a legislação de expatriados e a reduzida rede de acordos para evitar dupla tributação são fatores que desestimulam o investimento brasileiro no exterior.

Toma lá dá cá

Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do TCU
Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do TCU (Crédito:Carlos Vieira/CB/D.A Press)

O senhor atuou no impeachment de Dilma. Um eventual processo desses contra o Temer é semelhante?

Tem diferença na natureza da investigação. Naquele momento, tratava-se de responsabilidade orçamentária. Agora, você tem possível obstrução de Justiça. É um julgamento jurídico-político para o bem ou para o mal. As duas são extremamente graves e o constituinte as colocou como crime de responsabilidade.

O eventual futuro governo pode esfriar a Lava Jato?

A Lava Jato está sempre sob risco. Muita gente interessada vai trabalhar para construir mecanismos de contenção de danos e eliminação de ferramentas de investigação. Não se mexe com estruturas de corrupção enraizadas sem reação, independentemente do governo que venha ou não venha.

Por que é importante mudar a nomeação nos tribunais de contas e dar independência ao Ministério Público nessas Cortes?

Essa forma torna os tribunais vulneráveis à captura política, para tenderem a ser lenientes, omissos ou se envolverem nos esquemas de corrupção.

Sem sinal

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Roberto Castro

As quatro maiores operadoras de telefonia celular do País deviam até março desse ano R$ 14 milhões em multas à Anatel. A Claro lidera o grupo, com R$ 12,8 milhões em dívidas referentes a 2016 e 2017. As companhias Vivo, Oi e Nextel seguem atrás, mas com débitos só de 2016. A TIM pagou R$ 8 mil e agora não deve nada.

Devo, sim

Dois dos maiores advogados criminalistas acostumados a tratar com políticos – presos ou soltos –  garantem que o calote dessa classe é a regra. Segundo eles, os homens da caneta quase nunca pagam. E por que seguem pegando essas causas? Marketing. Ganhar nome e obter clientes que pagam de verdade, como empresários e réus desconhecidos.

Topa ou não topa?


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Divulgação

O empresário Victor Nicolato fechou delação premiada com a Polícia Federal na operação Acrônimo para contar como funcionava o esquema de propina do governador de Minas, Fernando Pimentel. Mas o Ministério Público recomendou que a colaboração não fosse fechada. O ministro do STJ Herman Benjamin agora pode homologá-la.

 

 


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