Julian Fellowes, o barão de West Stafford, bem poderia ser personagem de um romance ambientado na Inglaterra do século 19, não fosse ele próprio o autor da mais recente e empolgante obra do gênero. Com a autoridade de seu título nobiliárquico e do assento vitalício na Câmara dos Lordes, Fellowes domina como poucos a arte de narrar os ardis usados pela aristocracia britânica para perpetuar seus privilégios.

“A ambição, a inveja, a raiva, a avareza, a bondade, o altruísmo e, sobretudo, o amor sempre foram e sempre serão poderosos a ponto  de motivar escolhas”
“A ambição, a inveja, a raiva, a avareza, a bondade, o altruísmo e, sobretudo, o amor sempre foram e sempre serão poderosos a ponto
de motivar escolhas”

Em “Belgravia”, romance histórico originalmente publicado em capítulos semanais no formato e-book que agora chega às livrarias na íntegra pela editora Intrínseca, o que preocupa a nobreza do Reino Unido é a ascensão da classe média. Na trama de Fellowes, os novos-ricos são representados por uma família de comerciantes que rompe a barreira da pobreza. Ao contruir fortuna a partir de uma barraca de feira em Covent Garden, os Trenchard criam uma rede de intrigas e traições que os perseguem duas décadas mais tarde.

Como “Downton Abbey”, série de TV vencedora de três Globos de Ouro e cujo ponto de partida é o naufrágio do Titanic, “Belgravia” parte de um acontecimento real: o baile da duquesa de Richmond, em 15 de junho de 1815. Realizada na véspera da Batalha de Waterloo, quando Napoleão é finalmente derrotado pelos ingleses, a festa teve um desfecho trágico – e o livro acompanha personagens cujas vidas foram afetadas pelos eventos daquela noite.

NOBREZA:  Cena de “Downton Abbey” (acima) e o barão e autor Julian Fellowes: melhor cronista da era vitoriana
NOBREZA:
Cena de “Downton Abbey” (acima) e o barão e autor Julian Fellowes: melhor cronista da era vitoriana

“Esta é uma história sobre pessoas que viveram há dois séculos e, ainda assim, muito do que elas desejaram, muito do que se ressentiam e as paixões arrebatadoras em seus corações eram bastante parecidos com os dramas que estamos vivendo a nosso próprio modo, em nosso tempo…”, escreve Fellowes na primeira página de “Belgravia”. Aos 66 anos, ele pode não ser exatamente um Balzac dos dias atuais, mas certamente é o nosso melhor cronista da era vitoriana.


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