A Índia anunciou nesta quinta-feira que executou “bombardeios cirúrgicos” na disputada região da Caxemira, onde morreram pelo menos dois soldados paquistaneses, 10 dias depois de um violento ataque a uma base militar indiana atribuído a um grupo extremista que tem sua base no Paquistão.

Nova Délhi buscava uma medida de represália após o ataque contra sua base de Uri no dia 18 de setembro, que matou 18 militares, a ação mais violenta em mais de uma década na Caxemira.

“Vários terroristas estavam posicionados em bases ao longo da linha de controle para entrar clandestinamente (na Índia) e cometer ataques terroristas”, afirmou o tenente-coronel Ranbir Singh, diretor geral de operações militares do exército, em uma entrevista coletiva.

“O exército indiano realizou bombardeios cirúrgicos na noite passada contra estas posições”, completou Singh.

O militar indicou que os “terroristas” planejavam atentados na região da Caxemira e em outras metrópoles indianas.

“Os ataques deixaram um número significativo de vítimas entre os terroristas e aqueles que tentam apoiá-los”, destacou o tenente-coronel.

Singh não explicou se os ataques aconteceram por via terrestre ou aérea.

O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, condenou os bombardeios e o exército do país acusou as tropas indianas pela morte de dois soldados ao longo da linha de controle.

Em um comunicado, Sharif condenou “a agressão não provocada e brutal das forças indianas” e prometeu que seu exército frustraria “qualquer plano diabólico para abalar a soberania do Paquistão”.

“O que a Índia fez não foram bombardeios cirúrgicos, e sim disparos transfronteiriços”, afirma uma nota oficial do exército paquistanês.

“As tropas paquistanesas responderam aos ataques indianos não provocados na linha de controle”, explica, antes de indicar que o tiroteio durou quase seis horas.

O governo indiano havia anunciado a intenção de adotar medidas de represália após o ataque contra a base militar de Uri, executado por quatro indivíduos com armas automáticas e granadas.

De acordo com Nova Délhi, o ataque, não reivindicado, foi executado pelo grupo extremista Jaish-e-Mohamed, que tem sua base no Paquistão.

A Índia acusa o Paquistão de apoiar a rebelião armada e as infiltrações na parte da Caxemira controlada por Nova Délhi, algo que Islamabad nega.

Há várias décadas, grupos separatistas lutam contra o exército indiano – que mobilizou quase meio milhão de soldados na região – para exigir a independência do território himalaio ou sua integração ao Paquistão.

Nova Délhi também se encontra na defensiva no plano diplomático, tentando isolar Islamabad do cenário internacional.

A Índia desistiu de participar em uma reunião de cúpula regional prevista para outubro na capital paquistanesa, uma decisão imitada por Bangladesh, Afeganistão e Butão.

Os países vizinhos reivindicam a soberania da região himalaia da Caxemira desde 1947. Dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria civis, morreram no conflito.