Incêndios violentos alimentados pelo vento e pelo calor continuavam atingindo o centro de Portugal na noite desta quarta-feira, levando à evacuação dos habitantes de vários povoados e à interrupção do tráfego nas estradas.

No maior foco de incêndio, perto da localidade de Sertã, na região de Castelo Branco, foram mobilizados 1.200 bombeiros, do total de 4.100 que combatem as chamas em todo o país.

“O incêndio foi aumentando durante a tarde”, declarou uma porta-voz da Defesa Civil, Patricia Gaspar. No entanto, o vento deve perder intensidade durante a noite, quando também se espera que as temperaturas diminuam, o que poderia facilitar o trabalho dos bombeiros, acrescentou.

Cerca de 30 km ao sul, outro grande incêndio ganhava terreno em Mação, aproximando-se das casas, algumas das quais foram danificadas pelo fogo. “Não conseguimos controlar as chamas, que avançam em quatro ou cinco frentes”, disse o prefeito do município, Vasco Estrela.

Os moradores ajudaram os bombeiros, tentando apagar o fogo com mangueiras simples ou baldes de água, apoiados por aviões tanque.

Perto de Pereiro, as chamas rodeavam a rodovia A23, que teve um trecho de 40 km fechado. Mais ao norte, também foi interrompida a circulação na A25, entre Viseu e Mangualde.

Os incêndios já destruíram 75.000 hectares de florestas no país este ano, um recorde na última década, e quase 80% do território português está em estado de seca severa ou extrema.

“Hoje todos os ingredientes foram reunidos para que nos encontrássemos com incêndios de dimensão trágica. Nossas florestas estão em estado de grande abandono, há pinheiros e eucaliptos demais”, lamentou o primeiro-ministro, António Costa.

“Provavelmente teremos outros incêndios deste tamanho, pois este risco elevado vai continuar até o outono”, avisou.