TEL AVIV, 5 SET (ANSA) – Uma carta pública divulgada pelo patriarca grego ortodoxo de Jerusalém, Teófilo III, e assinada por líderes e responsáveis religiosos de todas as igrejas cristãs da capital israelense, denuncia que o governo do país quer “enfraquecer” a presença das entidades cristãs na região.   

“Há uma tentativa sistemática de minar a integridade da Cidade Santa de Jerusalém e da Terra Santa e de enfraquecer a presença cristã”, informam os líderes em nota divulgada nesta terça-feira (5).   

O comunicado surge após uma polêmica decisão judicial, que o Patriarcado Grego Ortodoxo já entrou com recurso no Supremo, que permitiu a venda de dois prédios em um escândalo batizado como “Jaffagate”.   

De acordo com o jornal “La Stampa”, os dois hotéis, que pertenciam ao Patriarcado no Bairro Cristão da Cidade Velha, acabaram indo para as mãos do maior movimento da direita religiosa judaica, o Ateret Cohanim. Segundo o Patriarcado, os religiosos foram enganados pelo administrador das duas unidades, que vendeu os prédios sem a autorização da entidade.   

Outro ponto polêmico é que já começa a haver debates sobre um acordo assinado na década de 1950 que legisla sobre propriedades públicas que foram construídas em terrenos do Patriarcado. Na época, foi firmado um acordo que valeria por 99 anos e que, após esse período, os prédios seriam repassados para os greco-ortodoxos. O jornal “Calcalist” estima que há 200 apartamentos que atualmente pertencem à Jewish National Fund que seriam repassados para o Patriarcado. Para evitar que isso ocorra, no entanto, a ala mais ortodoxa da direita israelense apresentou um projeto no Knesset, o Parlamento local, em que reduz o poder de Igrejas no controle de prédios ou casas no país.   

“É um projeto de lei politicamente motivado e um novo assalto aos direitos que o Status Quo sempre garantiu. Uma comunidade cristã vital e ativa é um elemento essencial na fisionomia de nossa sociedade plural e qualquer ameaça à comunidade cristã pode só fazer crescer as tensões surgidas nessa temporada violenta”, diz ainda o comunicado.   

O “Status Quo” é um acordo que existe desde o Império Otomano, no século 18, que preserva a “divisão” da Terra Santa de maneira a respeitar as religiões dos judeus, cristãos e muçulmanos, que tem em Jerusalém sua principal base histórica e religiosa.   

Ao todo, são nove sítios entre Jerusalém e Belém que estão sob esse domínio, mas as tensões são constantes nos últimos anos – e devem aumentar ainda mais com os cristãos. (ANSA)