As incertezas quanto ao futuro político do País continuaram a influenciar os negócios no mercado brasileiro de ações nesta terça-feira, 23, mas não impediram um movimento técnico de recuperação do Índice Bovespa. O indicador terminou o dia em alta de 1,60%, aos 62.662,48 pontos. O volume de negócios com ações na B3 somou R$ 9,6 bilhões. Segundo analistas, a recuperação foi favorecida por um cenário interno um pouco mais tranquilo e por influências externas positivas, como a alta do petróleo e das bolsas de Nova York. No entanto, acreditam que a volatilidade deve continuar a permear os negócios na renda variável até um desfecho para a crise política em torno do presidente Michel Temer.

Desde o estouro da crise política, o Ibovespa teve dois pregões de queda e dois de alta, perfeitamente alternados. Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, esse comportamento é evidência da falta de referência do mercado.

“O cenário ainda é de muita incerteza e vejo claramente que a Bolsa continuará a alternar altas e baixas no curto prazo, uma vez que é difícil assumir algum partido nesse momento. Esse cai, sobe, cai, sobe é reflexo de que estamos à deriva”, disse Figueredo, que atribui a alta de hoje a uma espécie de trégua do mercado, uma vez que não houve notícias que prejudicassem o governo.

Apesar dos esforços do governo para demonstrar que a crise deflagrada pela JBS não abalou a agenda econômica, o mercado mantém a percepção de que são significativas as chances de Michel Temer não terminar o mandato. Com isso, seguem as especulações sobre nomes de substitutos que pudessem representar uma transição relativamente suave, que preserve as reformas estruturais.

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta foi de JBS ON, pivô da crise política e envolta em uma série de especulações, que subiu 9,70%. É uma pequena recuperação, considerando que somente no pregão de ontem, a ação caiu 31,34%. No acumulado de maio, JBS ON tem perda superior a 35%.

As ações da Petrobras tiveram um dia de ganhos (+0,77% na ON e +0,67% na PN), contando ainda com a ajuda da alta do petróleo. As da Vale subiram 1,22% (ON) e 0,64% (PNA), apesar da queda do minério de ferro no mercado à vista chinês. Os papéis do setor financeiro avançaram em bloco, com destaque para Banco do Brasil ON (+2,26%).