A multinacional IBM anunciou na quarta-feira que colocará poderosas ferramentas tecnológicas a serviço dos cientistas e das organizações humanitárias que lutam contra o vírus zika.

A oferta inclui softwares e ferramentas on-line que permitem analisar grandes quantidades de dados, para ajudar a antecipar a propagação da epidemia.

A IBM anunciou que vai colaborar, por exemplo, com o instituto de pesquisas brasileiro Fiocruz, associado ao Ministério da Saúde, para identificar as inquietações sobre o zika expressadas pelos cidadãos nas redes sociais.

Estas ferramentas de análise permitem coletar e interpretar grande quantidade de mensagens publicadas no Twitter sobre temas como a zika, dengue, chikungunya ou o Aedes aegypti, mosquito que serve como vetor para estas doenças.

“Os relatórios que a IBM vai produzir junto com a Fiocruz vão permitir fazer recomendações práticas diretas para os responsáveis de saúde pública”, indicou a empresa em um comunicado.

A IBM também oferecerá formação aos cientistas da Fiocruz para utilizar um programa que permite visualizar a propagação de doenças infecciosas tendo em conta fatores geográficos, climáticos ou de deslocamento humano.

Este programa, denominado STEM, foi usado antes para identificar a propagação do vírus do ebola ou de certos tipos de gripe e dos contágios com a malária ou a dengue.

A multinacional vai permitir, ainda, que a Unicef tenha acesso gratuito durante um ano às bases de dados meteorológicos recolhidos pela sua empresa The Weather Company.

A IBM lançou recentemente o projeto OpenZika, uma pesquisa de colaboração global que tem como objetivo identificar substâncias com potencial para tratar o vírus.

Através de um aplicativo gratuito, qualquer pessoa que possua um computador ou um smartphone operado com o sistema Android pode contribuir com o projeto, disponibilizando seus ciclos de CPU que não estão sendo usados para que os cientistas processem milhões de dados.

Segundo a IBM, nos dois primeiros meses da iniciativa mais de 50.000 voluntários inscreveram seus aparelhos, o que permitiu realizar mais de 20.000 experimentos.

Com cerca de 1,5 milhão de infectados, o Brasil é o país mais afetado pelo surto atual de zika, que apareceu na América Latina em 2015 e se propagou rapidamente pela região.

Este vírus, detectado pela primeira vez na Uganda em 1947, se propaga na maioria das vezes através do Aedes aegypti, presente em 130 países e que também transmite a dengue, a febre amarela e a chikungunya.

Estudos recentes mostram que a doença também pode ser transmitida sexualmente entre seres humanos portadores do vírus.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ao menos uma dúzia de laboratórios e agências públicas do mundo estão trabalhando em uma vacina, cuja comercialização poderia levar anos.